dimanche 8 avril 2018

A francesa mais carioca que conheço

Frequentávamos o mesmo lugar e pegávamos em seguida o mesmo trem. Eu nunca sei muito bem como me aproximar e sempre fiquei na minha. Até que um dia ela veio falar comigo no cais onde pegávamos o trem na mesma direçao. Me perguntou se eu era brasileira e, quando confirmei sorriu contente revelando que reconhecera o meu sotaque. Com os olhos brilhando pos-se a falar um bom português com um charmoso sotaque francês, puxando pro carioca. Mal sabia que começaríamos ali uma longa e profunda amizade.
Rememorava sua juventude no Rio dos anos oitenta, e seu sonho em voltar um dia. Com que prazer ela descobrira alguém para falar nossa lingua... e que sorte a minha de ser eu esse alguém !
Muitos trens pegamos juntas, e passamos a trocar o que gostávamos. Despedidas gostosas bem brasileiras quando eu descia do trem. Mais do que lembranças, partilhamos o amor pelo nosso pais secreto e distante.
Sabine me abriu ao universo do Orgânico, me presenteando uma levedo caseiro com o qual fiz muitos pães e panquecas. Por um tempo fálavamos muito nisso como se tivéssemos o mesmo bicho de estimação. Eu emprestava alguns discos que ela ainda não conhecia, e trouxe alguns deles do Brasil pra ela.
Como professora de piano, me trouxe oportunidades incriveis de acompanhá-la em Festivais de Musica, Concertos de Jazz e música contemporânea e até de apresentações de seu doce Paul, companheiro professor de música também. Cuidei da Chatouille, sua gata preta durante as férias de Natal, e ainda vejo sua sombra observando a vista da janela.
Vamos também ao cinema.Mais do que gostar dos mesmo filmes, apreciamos a companhia uma da outra.
Hoje tive a sorte se poder acompanhá-la a uma opera Russa. Nos olhávamos através dos nossos óculos, e às vezes sentia quando ela estava gostando ou não, outras riamos juntas talvez por termos a mesma impressão...

Foi precioso tê-la encontrado, como quando encontramos uma concha intacta em meio a outras quebradas e vazias. Ela é como uma concha brilhante e cheia de vida, que, quem sabe, nao está elaborando em si uma pérola... Fico feliz em poder estar por perto quando os reflexos das luzes refletem nela e a fazem brilhar.
Gratidão por ela ter se aproximado e permitido a construção dessa relação que talvez ainda nem conheça a dimensão...

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