mercredi 11 avril 2018

Pedra esculpida

O jardim da biblioteca é uma delicia. Tem uma árvore centenária no centro, rodeada por um deck em madeira e pela biblioteca em concreto.
Leio no sol, protegida do vento de abril. Uma mãe chega com seu pequeno. Ela  solta-o perto da escada. Ele contempla. Trocam olhares. Ele se sente a vontade para subir a escada engatinhando. Encontra as bolinhas que sinalizam os degraus para os cegos e se senta, tocando-as com a ponta dos dedos. Lança seu corpo de cabeça, dessa vez para descê-las. A mãe observa, pronta para agir se necessário . Ele desce as escadas engatinhando e balbuciando. Aproxima-se das plantas, acaricia e depois arranca. A mãe alcança sua mão antes que a leve à boca. Ele nem questiona. Agora ele esta de pé. Ela segura em suas mãos, silenciosa, enquanto ele vocaliza alto sua linguagem de bebê.

Apreende o mundo que o rodeia, é atraido pelo canto de um passarinho, pelos movimentos de uma pomba.
Volto no tempo do vazio pleno de observar um bebê. Da atenção que esvaziava os pensamentos, preenchidos pela observação dessa absorção imediata da vida. Um bebê é como uma pedra que ainda nao foi esculpida pela vida, e cada traço marca para sempre.
Acho que até hoje ainda não alcanço as medidas dessas marcas. Das que a vida fez em mim, e das que ainda vai fazer...

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