mercredi 17 décembre 2008

Tendresse




Voltando de Paris, eu e o Roti entramos no trem, o que acontece sempre...


Um desses musicos que existem aos montes por aqui, entrou no mesmo vagao, disse la qualquer coisa e começou a tocar, o que tambem acontece sempre...


Eu nao tinha nenhum sentimento especial, nenhuma falta, nada que evidenciasse o choque que recebi com aquela cançao; pelo menos era o que eu imaginava...


Era uma cançao francesa, simples como as cantigas de Roberto Carlos, intercalando uma estrofe e um refrao, mas ele havia nos avisado, sorridente, que evocaria uma cançao que tocaria nossos coraçoes.


Cada estrofe cantada falava de como valorizamos os aspectos superficiais e superfluos da vida, como somos colados aquilo que nos colocam como necessidade, e que na verdade nos afastam da beleza mais simples da vida, de um sentimento que alimenta as relaçoes, sentimento pouco falado, vivido ou lembrado : a ternura. De que adianta tudo na vida, sem ternura ?


E isso me tocou como a mais pura verdade, la no fundo da minha essencia, e sinto ainda agora um noh no peito e a sensaçao da algo perdido, o que alimenta uma esperança de busca pelo reencontro.


Tendresse ou ternura, carinho doce, sutil, delicado, sincero, palavra e atitude pouco usadas, que nao se encaixam no corre corre do mundo em que pensamos viver, e ao inves disso, sobrevivemos...




E ali, naquele momento, no trem, cai em prantos, pois me vi absorvida por este mundo devorador, tao longe dessa ternura, que tanto tenho para dar e da qual tanto preciso...




E preciso ternura para compreender, para respeitar o outro, para cuidar...Dei uma moeda aquele ser iluminado, que ele seja abençoado por Deus por me permitir essa aproximaçao de uma verdade vivida na pele; olhei em seus olhos e agradeci, nao haviam palavras no momento.




O dia em que nos relacionarmos uns com os outros com a ternura com a qual o musico cantava sua cançao, talvez o mundo comece a mudar, pelo menos dentro de nos mesmos...




Homenagem aos meus queridos caes: Liska, Duque, Thor, Argus e Banze, cujos olhos trasbordavam ternura !