jeudi 24 décembre 2009

Atmosphère de Noël





O Natal chega, a atmosfera muda... estamos receptivos à isso ?
Le Noël est arrivé, l'atmosphère change...nous sommes receptifs à tout cela ?

Boas Festas !
Bonnes fêtes !

Beijos à todos !
Bisous à tous !

vendredi 16 octobre 2009

O presente da idade.


Mais um ano se passou e pouca coisa parece ter mudado. Mas ha um sentimento novo, diferente, uma responsabilidade que chama, talvez a da meia idade.
Da pra se fazer um balanço do que se passou, do que ficou, do que nao vingou. O que vem adiante é um mistério, no qual me sinto mais e mais envolvida, pelo qual me sinto mais e mais atraida - afinal, pra que serve a nossa vinda ?
Nao ha o que enfeitar , mas é inevitavel poetizar. A realidade dura, simples, direta, também pode ser bonita, se de verdade for vivida.
No entanto, vejo os instantes passando e eu, em meus devaneios ficando, perdendo num fio de vida a liberdade tao almejada e querida.
Sinto sem sentimentalidade a proximidade da metade - metade da montanha superada, metade do tempo passado, metade da energia partida, metade do livro lido, metade da terra mexida. E simples, falta a outra metade... resta... sobra.
E quando ao ler a frase do Lê ha dias atras - " Todos ganham presentes, mas nem todos abrem o pacote", me dei conta que meu pacote é tao bem feitinho que tenho mesmo é receio de abri-lo, e de perceber que o que tem la dentro talvez nao seja o esperado...
Quem sabe um dia ares de maturidade nao me tragam a coragem de encarar os pacotes que encontrar pelo caminho... quem sabe... quem sabe...

mardi 29 septembre 2009

Trigésimo quinto passo


A gente se escolheu
Ou escolheram a gente um pro outro ?

Quanto tempo faz !
Quanto tempo ainda vira ?

Ja perdi a noçao desse tempo...
se é que ja tive,
se é que ele existe...

Esse tempo é nosso
Do que compartilhamos
Do que amamos
Do que construimos como passar dos anos,

Espero que muitos outros venham
e que os planos e os enganos
ressoem como ganhos

E a cada dia ao esperar cruzar o seu olhar na hora do jantar
eu possa sempre encontrar meu lugar.

Feliz aniversario, Pequeno Polegar

mardi 15 septembre 2009

Que gire todo dia

Quando tudo gira
Tudo se mistura
O bom e o ruim
Confusao que nao tem fim

No roda roda
a cabeça fica tonta
mistura o que vejo fora
com o que sinto por dentro,
alisa de ruga à pensamento

Cara minha
boa assim
Ha tempos que nao via
Cara de folia, de sensaçao de alegria
da criança que mora em mim
e que posso encontrar, se quiser,
todo santo dia

samedi 4 juillet 2009

As rosas


As rosas do jardim desabrocharam...
Quanta alegria !
Sobreviveram ao rigoroso inverno,
Resistiram com os poucos nutrientes do pequeno espaço no qual chegaram à mim,
A ataques inimigos, que nem seus afiados espinhos conseguiram pôr fim,

Assistiram à mudança das estaçoes,
Ao nascimento de outros irmaos,
Mas ainda precisam de apoio, pois, se dificil se mostrou o inverno,
Mais intenso ainda se anuncia o verao.

Portanto elas sao fortes, essas rosas amarelas que perfumam o terraço,
Insistem em desabrochar inteiras, com todas as petalas à que tem direito
E, de tao pesadas, tombam sobre o caule, dismilinguidas...

Entao, eu as sustento, com a delicadeza de uma linha de costura,
Tento dar suporte, ajuda-las a se manter em pé nos momentos decisivos...
Mesmo que seja so por algum tempo,
Pois sei que partirao em seguida,
Liberando suas pétalas sedosas ao vento
Na sua expansiva e marcante existência.

Texto dedicado aos meus filhos, outras rosas do meu canteiro...

samedi 27 juin 2009

Crianças de hoje.


Olho para os meus meninos e me pergunto se eles têm uma boa infância, se crescerao sadios, questionadores e ativos, respeitando os outros e o ambiente... E quando me pergunto o mesmo sobre as crianças que cruzo pelo meu caminho, me da até um aperto no peito. Que relaçoes as crianças deste mundo estabelecem e irao estabelecer com tudo que as rodeia ?
O que eles têm, acreditam ser de direito; nao demonstram nenhuma gratidao.
O que eles nao têm, querem à todo custo, mesmo que seja tomado.
Como disse o Le, meu amigo de infância, nao nos damos conta da maior dadiva que recebemos : a nossa vida. Nao somos gratos por isso, e nossas crianças muito menos. Vivemos tentando "ocupar o tempo", ao inves de vive-lo, verdadeiramente. Planejamos o futuro ininterruptamente - pare e preste atençao em seus pensamentos... o que nao poderiamos estar fazendo neste mesmo instante, ao invés de pensar no que vamos fazer depois... Que inversao é essa que vivemos todos os dias, fruto de um progresso caotico pelo qual somos sugados a cada minuto.

Me lembro da minha infância e vejo que a gente era mais criança naquela epoca. Andava de bicicleta na rua, sem marcha, subindo as pirambeiras e levando tombos; brincava no parquinho e jogava queimada. Na escola, corria pelas ladeiras , brincando de pega pega, e no parquinho do bosque, brincavamos numa casinha de madeira entre as sombras das arvores. O cheiro do bosque ainda esta impregnado na minha memoria.
Tive sorte, pois nao era tao sufocada pelas informaçoes da tv, nem precoce como as crianças de hoje em dia. Meninas que se vestem e dançam como adultas num baile funk - com a aprovaçao dos pais que, algumas vezes até dançam junto - perdem o gosto de sentir o vento batendo no rosto na brincadeira de Barra Manteiga, mesmo porque com as "sandalias da Xuxa" fica dificil correr. Meninos, mergulhados no video game, estabelecem relaçoes virtuais entre o herois que constroem para si mesmos, e deixam de viver na pele situaçoes significativas para a formaçao de suas personalidades. Têm desempenhos fenomenais no rink dos jogos de computador, mas sao incapazes de telefonar para amigos por nao saberem expressar o que querem dizer. Mas o que me pergunto é se também nao somos culpados por essa situaçao, e se o somos, como podemos modifica-las... sim, é preciso dizer basta e nadar contra a correnteza.
Se somos os exemplos, como estamos cansados de escutar, agimos como bons exemplos ?
Preferimos ficar assistindo televisao ao invés de fazer um passeio no parque com o filho ou sobrinho, para compartilhar a descoberta das formigas nas arvores, o cheiro das flores e a textura dos troncos, para sentir a grama pinicando os pés; ou ainda o contrario, nos permitir aprender com eles, observando a relaçao que os pequenos estabelecem com a natureza. Sim, observar a pureza e espontaneidade de uma criança pode ser um retorno à infância, olhar com carinho um caracol que se arrasta, brincar com os gravetos e as pedrinhas sem ligar para os brinquedos do parque, criar o seu, com o que se tem, sem precisar de nada além.
Deveria ser possivel essa troca, trazer a criança de hoje de volta ao mundo da infância de ontem e, neste fio, ligar a criança que esta escondida no meu "eu" adulto ao adulto futuro que pode brotar mais humano na criança de hoje... Pensem nisso...

mardi 16 juin 2009

Vivendo a linha 6.





La estava eu na linha 6 do metro parisiense, às 6 da tarde do dia 16. Enquanto esperava o trem para voltar para casa, uma flauta do Pan tocada por um senhor sorridente, sentado na beira do cais, me despertou para essa constataçao. Rapidamente, para comprovar o instante, saquei minha maquina fotografica e registrei a placa do cais, que confirmava o que acabo da dizer : destino Nation, linha 6, 18:00.
A estaçao era o ponto inicial : Charles de Gaulle-Etoile, que da acesso ao Arco do Triunfo, monumento construido por Napoleao Bonaparte; num cruzamento entre oito avenidas - lugar estratégico para suicidios. Como muitas outras, sao restauradas frequentemente, mas mantém os azulejos originais e o estilo do inicio do século, quando foi construida.
Sao nesses instantes um tanto quanto cinematograficos que me dou conta que estou em Paris, que tenho a chance de presenciar tudo que Paris proporciona.
Procuro pegar sempre essa linha, pois possui vistas deslumbrantes, desde a Paris turistica à Paris mais cotidiana e intimista.
Cruzando o Sena, posso avistar a Torre Eiffel, numa parte do trecho aéreo do trajeto. Ja fui presenteada com suas piscadelas durante uma noite fria de inverno, o que me aqueceu o coraçao. Ja num outro trecho, proximo à Nation, posso admirar a Biblioteca Nacional e conjunto de predios modernos, mas nao menos belos, que circulam a sua majestade, o rio Sena. Ele, que, certamente, é uma grande Estrela parisiense. Inumeras vezes contemplei-o imaginando « Puxa, bem que o Tietê podia ser assim … » Sonho ? Quem sabe um dia nao se transforma em realidade ? Suas aguas em movimento, insinuam que ha vida ali; as arvores ao seu redor, bucolizam suas margens e acolhem quem o admira. Barcos ancorados em suas aguas iluminam a noite e proporcionam uma vida encantadora em seu balanço. Sim, acho que o Tietê pode um dia ser assim !
Ainda neste saculejante trecho do trajeto, posso olhar o topo dos prédios, espiar as sacadas das varandas, quem capricha nas jardineiras floridas, quem usa o terraço como estacionamento de bicicletas e mesmo de porao ! Até o movimento da rua, dos comércios; os bistrots, festejando a chegada do verao ocupando quase toda a calçada de mesas e cadeiras, e os parisienses com uma alegria marota, se deliciando com a possibilidade de ali se aglomerarem quase colados uns nos outros. Entre um café e uma agua, podem passar uma tarde inteira - e a noite também, ja que anoitece às 10 da noite - lendo, olhando a calçada, vendo o tempo passar.
Mas a linha 6 também tem seu trecho subterraneo, que nos conduz aos arredores das catacumbas parisienses, que preferem que se chame de Ossario Municipal. O local é aberto à visitaçao, e se trata de um conjunto de galerias que existiam previamente e foram aproveitadas para a colocaçao dos ossos que lotavam o cemitério dos Inocentes, no final do século XVIII. Os ossos ja se acumulavam por la ha dez séculos ! E um passeio interessante, rico e reflexivo sobre questoes como a vida e a morte, que sugiro à todos que desejem olhar as coisas de um outro ponto de vista.

samedi 6 juin 2009

Desabafo



A palavra é perplexidade. Hoje me vejo perplexa diante de certas concepçoes na educaçao que, a meu ver, foram completamente desvirtuadas. Sei tambem que muitos dirao que sao consequencias do mundo de hoje e todo o discurso que acompanha esse tipo de justificativa, que os pais tem que trabalhar para criar os filhos, e as escolas tem que fazer o papel dos pais, etc.
Todos escutamos inumeras queixas de violencia, delinquencia e que o mundo esta cada vez mais repleto de pessoas que so pensam em si mesmas e em seus desejos materiais. Tudo bem, ha os que dirao tambem o contrario, que ha a turma da paz, que luta por um mundo mais solidario… Mas noto que sao nas pequenas relaçoes do dia a dia, que me pego absolutamente inconformada com o que vejo e como isso ressoa em mim.
Tudo começou pelo programa que assisti pela manha, chamado « Les maternelles », dedicado aos pais que precisam de orientaçao ou informaçao de como lidar com seus filhos. Ontem, o tema do programa tratava de bebes que choravam sem parar… todos devidamente presos em seus bebes conforto e muitos alimentados atraves de mamadeira. Nenhuma das maes teve a brilhante ideia de carregar o bebe como um pequeno canguru, como ela havia feito por nove meses enquanto ele esteve em seu ventre, nenhuma delas pensou que o seu cheiro e seu leite poderia curar essa angustia, nem os especialistas que la estavam. Um bebe que vem ao mundo sem receber nenhum amparo, ou o amparo suficiente nesta mudança que significa o nascimento, precisa de compreensao; e quem decide ser mae tem que arcar com a sua decisao e ser mae ate que veja seu filho seguro e independente. E assim com os animais, que acompanham instintivamente seus filhos ate que sintam que estao prontos para a vida. Quando decide-se pela maternidade, tem-se que estar consciente da mudança de prioridade na vida, que por um tempo é preciso Ser Mae, e que todo o resto é secundario. Se nao for assim, a meu ver, nao ha razao de se desejar a maternidade, pois esse desejo sera mesquinho e egoista, e os filhos desse tipo de opçao, os futuros problematicos e bandidos que vemos tanto.
Hoje, no mesmo programa, o assunto era sobre as maes que tinham feito a opçao de amamentar seu filho. Uma das entrevistadas dizia que nao sabia se queria esse tipo de contato fisico com o filho (?!) - filho esse que saiu de sua propria barriga, filho esse resultado de uma historia de amor ! Por que essas maes nao conseguem se colocar no lugar de seus filhos ? Por que nao compreendem que tambem ja foram bebes ? Algo no arquetipo feminino se perdeu, o seio, à priori, é fonte de alimento, e nao objeto ligado à sexualidade, algo se inverteu neste caso, e é preciso que isso seja dito.

No parque com o Iago, observo sempre as relaçoes pais e filhos, babas e suas crianças. E tudo muito distante, como se cada um vivesse dentro de seu proprio mundo - as crianças com seus olhares perdidos e os pais, perdidos em suas ligaçoes telefonicas. Graças à Deus, porque Ele ainda olha por elas, existem exceçoes… e se vê na expressao de uma mae que carrega seu filho no colo o amor em abundancia… Nao falo de permissividade, de mimo, de super proteçao, mas pura e simplesmente de amor.

E um pequeno de seus 3 anos, que se arrastava pelo chao de pedrinhas e areia, brincando com seus bonequinhos e transformando sua vida por meio das relaçoes entre os bonecos foi obrigado a, primeiro escutar as pessoas que nunca foram crianças em volta dizerem que « ele brinca assim pois nao é ele quem lava a roupa « ; e em seguida, a abandonar seu jogo saudavel porque seu pai, incomodado com os comentarios alheios, partiu, tentando leva-lo o mais carinhosamente possivel… Faço questao de me sentar no chao, de brincar de pega pega com o Iago, entrar no meio do mato, de acompanha-lo, para que vejam que é disso que uma criança precisa : de compreensao e interaçao.

Que mundo é esse, como somos cegos ao ponto de nao perceber que nos mesmos criamos os neuroticos e delinquentes do futuro, ao ponto de continuarmos a viver dentro de uma bolha onde so interessa « o que eu quero, o que eu gosto, o que é bom para mim ».
Aqui na França, ai no Brasil, em todo lugar do mundo, criança é criança e deve ser tratada como criança. E so saberemos como olha-las quando olharmos pelo seu ponto de vista, quando nos lembrarmos que ja fomos como elas. E como tudo é mais simples quando somos pequenos, so precisavamos de AMOR.

Sera que seremos capazes de nos livrarmos da nossa arrogancia e assumirmos nossa ignorancia, admitindo o quanto perdemos ao abrirmos mao da criança que mora em nos ?
Que todos estejamos abertos ao novo olhar que proporciona o contato e o respeito à criança, que possamos aprender mais e mais com elas, com sua pureza autentica de viver a vida.
Com muito mais a dizer, paro, ja foi feito o desabafo

lundi 25 mai 2009

Mais um dia com Sabine




Eu posso realmente passar horas e horas com a Sabine, minha amiga francesa, companheira de trabalho do Roti, de quem ja falei muitas vezes.
Desde 2003, quando foi a primeira pessoa a tentar se comunicar em francês comigo, com toda a paciência do mundo, até hoje, conseguimos manter firme a amizade, mesmo ficando três anos nos falando muito pouco. Ainda mantenho o mesmo tipo de amizade com muitas outras pessoas queridas, mas nossa afinidade e o entusiasmo que ela sempre me transmite é incrivel !
Passamos o sabado juntas, em familia. O combinado era um piquenique que miou : choveu de manha e nao queriamos passar o dia debaixo de chuva. Sem problema, ficamos todos no nosso apê… os meninos felizes por poderem jogar bastante video game, o suficiente para cansarem depois de algum tempo e sairem para bater uma bola… Enquanto isso, nos deliciamos com os quitutes e com o bate papo ate o sol se por, quase dez da noite !
Eu preparei um bolo de chocolate com coco ralado e um bolo de cenoura (sucesso garantido entre as crianças), alem de uma receita deliciosa de morangos, embebidos de açucar e limao siciliano, que curtindo na geladeira, forma um xarope natural refrescante. Receita de quem ? Adivinhem ? Dela mesmo,da Sabine, passada de vo para mae e de mae para filha…
Sabine trouxe uma torta de chocolate com nozes mergulhadas no mousse, e laranjas preparadas numa calda de flor de laranjeira, que salpicou de lascas de noz pecan. Banquete ou nao, começamos com um cafezinho, depois o Roti quis abrir uma champanhe alema (uma espumante na verdade, pois nao pode ser chamada de champanhe) que ganhou de um amigo na ultima viagem.
Conversa daqui, de la, Iago pedia para o Jean Michel desenhar para ele, depois trazia o quebra cabeça e assim ficamos ate às sete da noite, quando lembrei que tinha que preparar algo para os famintos que chegariam do futebol…
Sabine me entusiasma quando deixa que eu veja em seus olhos a paixao pelas coisas, um carinho contagiante pelos lugares que conhece, pela relaçao que as pessoas desses lugares estabelecem com a gastronomia, que parece ser de respeito às tradiçoes, ao calor humano, algo do campo que aproxima as pessoas… que quando fala do que aprendeu com sua avo, com sua mae, os parentes do sul da França e o sotaque carregado de sol e mar mediterraneos, até sua paixao pela manteiga e a Normandia. Sabine ama a Dordogne, onde fui na ultima viagem com meus pais, mas ama tambem o Aveyron, terra de seu avô, onde quem sabe, possamos ir juntas um dia… Ama a fazenda, os produtos comprados diretamente do produtor, o carinho transmitido da materia prima ao produto final, em seus pratos suculentos e inesqueciveis como o Gratinado de batatas e bacon defumado à la Savoyard que saboreamos ha alguns meses em sua casa.
As crianças voltaram famintas e o spaghetti improvisado estava praticamente pronto… no molho, um cremoso creme fraîche (creme de leite fresco), bacons refogados com cebola e pedacinhos de peito de frango. Abrimos um bordeaux que deu pra quebrar o galho e descobri mais uma nuance romantica da relaçao entre os franceses e seus queijos. Disse à Sabine que nao tinha gostado do queijo Saint Nectaire que comprara do meu fromager (queijeiro), e pedi que me dissesse o que achava… ela nao achou o queijo ruim, mas afirmou que nao era o que se espera de um Saint Nectaire na boca. Como assim, a boca espera alguma coisa de um queijo ? Segundo ela, quando se come um queijo ele « toca » certa parte da boca, onde é esperado, quando se conhece o seu gosto… filosoficamente, se espera que ele alcance uma regiao reservada para ele ! Sera que existem mais de 300 pontos de papilas gustativas especificas para cada tipo de queijo frances, uh la la !

Mas minha amiga nao é so gastronomicamente apaixonante, a gente tem muitas outras coisas em comum… adoramos receber as pessoas, saber suas historias, o que pensam das coisas, acolher para que se sintam bem, cozinhar para elas. E assim que nos relacionamos, é assim que damos afeto, e é assim que recebemos tambem, na cartinha deixada na caixa de correio, num cantinho da cozinha, numa lembrancinha pras crianças, ou simplesmente na gratidao vista olhos nos olhos.
Ela sonhou que tinha uma republica que recebia estudantes do mundo todo em Paris, eu, tenho meu cantinho ajeitado, para os brasileiros que estao passando por aqui, que nunca deixam de provar meus quiches…
Queria levar um pedacinho da Sabine para as minhas queridas provarem um pedacinho dela, e trazer pra ela tambem, um pedacinho das minhas queridas dai : Simone, Silvias, Lucis, Livia, Jany, Tati, Estrela, Marcias, Dani, Deni, Dani e Dri (mesmo estando aqui), Clea, Odilene, Nubia, Darly, Telma, Edilma, Zulma, Nadir, Marias, Mae, Lucia, Seiko, Marta, Monica, Maysa, Katia, Luiza, Verinha, Paty e Pati, Selma, Bete, Bethy, Rita, Celina, Dirceia, Sueli, Tina, Reginas, e quantas outras meninas, os meninos, nao quis compromete-los, sabe como é, né…
obs : vou lembrando, vou postando, hehehe...

lundi 18 mai 2009

Les Rencontres Vert Avril - Encontros Verdes de Abril




Nao, nao é um titulo de filme frances… Os encontros verdes de Abril foi uma feira de flores, produtos naturais e derivados du terroir como dizem por aqui, vindos diretamente do produtor. O jeito poético de dizer Feira de Horticultura…
Festejando a tao esperada primavera, foi transferido sabiamente da segunda quinzena de Abril, quando costuma acontecer aqui em Bourg la Reine, para o mesmo periodo de maio. Como o inverno foi bastante rigoroso este ano, todos esperam um verao quente e calorento, mas a primavera esta bem cinza e umida.
Queria falar das minhas impressoes na gostosa, mas chuvosa, tarde de sexta feira, quando aproveitei minha folguinha do Iago para zanzar pela feira, sem pressa…
Escolhi por preço e cheiro, conformada com o pequeno terraço em reforma que possuo no momento, tres pequenos pés de um tipo de geranio perfumado e dois pés de mirra, para nao so embelezar como tambem perfumar minha futura linda varanda. Por enquanto, alguns pes de pepino e tomate cereja vao se enroscando no movel da sala, acompanhados pelo meu quase arbustivo pé de manjericao.
Na feira, havia muitas bancas com flores, decoradas com capim pelo chao, como se estivessemos passeando na fazenda mesmo. Entre as barracas de artesanato tinha uma encantadora, de uma senhora que pintava em folhas secas pequeninos desenhos, desde varais de calcinhas coloridas e fraldas de pano, ate flores e a mamae pata e seus filhinhos. Muito francesinha essa banca… Mas tinha tambem uma cheia de cabaças que se transformaram em abajures, bonequinhos e cortinas de passagem.
Quanto às barracas de deliciosas guloseimas, havia uma de cafe organico, geleias, doce de leite e a de mel, com a maior variedade de mel que ja vi ! Gosto muito de mel com manteiga e pao de manha, e de um molho com mel, manteiga e shoyu para comer com salmao… o rapaz que parecia entender do assunto, oferecia colheres com diferentes consistencias, cheiros e sabores à uma senhora de nariz empinado… colei nela e fui experimentando junto… claro que o gosto dela é bem diferente do meu, cada uma de nos provou e escolheu a seu gosto, mas recebendo as informaçoes do simpatico apicultor, que explicava sorrindo que existem meis leves que caem bem pela manha, outros encorpados cheios de graos que aguçam as papilas gustativas… e eu verificava isso mesmo quando ele contava depois a origem da flor cujo nectar dera tal e tal sorte de mel… Degustaçao deliciosamente calorica essa, mas eu bem que poderia ficar la provando todos os sabores : da Montanha, lavanda, alecrim, flor da floresta, rododendro… muuuuitos tipos diferentes ! Mas ficarei devendo a foto, pois estava passeando sem a maquina…pena, pois poderia ter registrado a cara de pavor da senhora metida, quando revelei que comemos o pao de mel (Pain d’épices) envolto de uma camada de chocolate, o que nao existe por aqui… Por fim, o rapaz me agradeceu em português e parti sorrindo.
Proxima parada : as geleias. Na verdade, aqui as geleias nao tem pedaços de frutas, so as confitures, minhas prediletas… e como as maravilhas que temos ai, de uma variedade incrivel de misturas para comer-se com fromage blanc (uma variaçao de iogurte), com pao pela manha ou como acompanhamento de carnes, estilo chutney… Na banca da « Au dessus, sur l’etagere du haut », ou seja, « em cima, na prateleira do alto », ja gostei de cara da originalidade do nome, voces nao acharam demais ?!!! E mais ainda daqueles vidros simples de geleias, distribuidas para a degustaçao em potes com colheres dobradas de forma a se encaixarem nos mesmos, sabores : maças com gengibre, rhubarbe, abacaxi com kiwi, framboesas, e a bem acidulada que me trouxe ao gosto de infancia da geleia de uvaia preparada pela minha avo, com as frutas colhidas no jardim… E ainda ganhei a receita junto : Ameixas brancas ao vinho branco e mel.
Depois voltei com o Iago para mostrar os animais da fazenda que estavam expostos : uma vaca, cabras e bodes, galos e galinhas, coelhos e patos; mas ele ficou muito desconfiado com a cabeçorra da vaca que ruminava à sua frente, acho que nao vai mugir por um bom tempo… o Iago, nao a vaca… Na verdade, ele abriu um baita sorriso com a lesma que caminhava sobre seu prato de sobremesa ontem à noite… talvez se simpatize com bichos menores, hehehe.

vendredi 8 mai 2009

Passeando pelo cemiterio



Meu ultimo passeio com minha mae foi ao cemiterio Père Lachaise, em Paris.
Voces podem se perguntar o que fomos fazer num cemiterio no seu ultimo dia comigo…Atendi finalmente um pedido que me fizera ha 5 anos, quando morei no bairro 20 em Paris, bem proximo ao cemiterio : ver o tumulo do Allan Kardec.
Questoes relacionadas à vida e à morte vem à tona quando se decide fazer um passeio como esse. Destino de muitos e futuramente nosso tambem, faz brotar um sentimento diferente, de igualdade, fraternidade, respeito.
Passeio esquisito ir ao cemiterio; ate deixou minha mae mais séria. A chegada ate la ja valeu o trajeto naquele lindo primeiro de maio de ceu azul. Pegamos uma das minhas linhas preferidas, a linha 2, que cobre parte de Montmartre, onde foi gravado o filme de Amelie Poulain, meu preferido. Ha um trajeto externo neste trecho, com curvas, que passa pelo Canal Saint Martin, um canto mais cool e popular de Paris. Mesmo aqueles que circulam nestes trens : uma mistura de imigrantes residentes nos bairros ao redor da linha e turistas… convivem na diversidade, cada um seguindo seu destino.


Bem, o nosso, nesse dia, era a estaçao Père Lachaise do metro. Moradia de ex-astros e estrelas muito conhecidos, ao menos seus ossos… ele atrai muita gente. Alguns buscam as esculturas feitas por renomados artistas, outros as belas e frondosas centenarias arvores que ali habitam; enquanto outros procuram os tumulos das celebridades como Jim Morrison e Edith Piaf, talvez para se aproximar ao maximo de um idolo, ou do que restou deles em Terra, ou simplesmente por curiosidade. Minha mae é espirita, e sabia que naquele cemiterio se encontravam somente os restos de Allan Kardec, pai do espiritismo, entao, num misto de curiosidade e busca da celebridade, seguimos pelas alamedas atras de sua tumba escondida.




« Nascer, morrer, renascer ainda e progredir sem parar, de acordo com a lei. »
« Naitre, mourir, rennaitre encore et progresser sans cesse telle est la loi. »
Parei diante do texto e do tumulo rodeado de flores, li, reli, concordei e fotografei-o. Ai entao, surpreendi-me por ser exatamente o lugar que procuravamos ! Se nao fosse assim, acho que nao o encontrariamos… Um busto de um homem e seus feitos, descritos na lapide para sempre, diferente de seus restos mortais, que serao reabsorvidos pela vida, com o tempo.
Nao so os restos dele, que sugeriu que o espirito empreende mais viagens do que podemos imaginar, mas de todos os outros que estao lado a lado no cemiterio. Alguns, com lapides decoradas com vitrais que faziam alusao à Cristo, Nossa Senhora, e outros santos, como se a morte pudesse aproxima-los. Disso, pouco sabemos…
Mas todos, vangloriados e glorificados pelos seus feitos em vida : generais, artistas, pintores, cantores, jamais pelo seu carater humano : generoso, altruista, humilde.
O que é mais significativo de ser colocado em lapide ? O que se fez ou o que se foi ? Todos, mesmo o pior dos mortais, teve la suas virtudes… o que deve ficar marcado em algum lugar, de alguma forma, em cada um de nos. Por que ressaltar feitos e fatos e nao a atitude diante da vida ?
Seja la o que eu fizer, quero ver escrito no meu tumulo : mae dedicada, de poucas ambiçoes e muitos queridos !
E tenho dito.

Busca indefinida


Depois de dois meses sem escrever aqui, decidi me impor uma disciplina em relaçao ao meu blog, escrevendo uma vez por semana, visto que assunto nao falta…
Meus pais passaram tres semanas conosco, e viajamos para lugares lindos, passando otimos momentos juntos, assunto para muitos textos. Antes deles chegarem, todos meus tres rapazes se revezaram na Catapora… Catapora chique, francesa !
Falando em França, meu blog em frances "Les mystères de Sao Paulo" (http://ciceronebrasilfrance-crys.blogspot.com) esta com uma boa divulgaçao, o que me deixa bem contente, sinal de que o que venho fazendo é justo, quero dizer, vai de acordo com o que eu vivi o que me permite escrever algo. Uma radio suissa o achou interessante e original, pois eu falo um pouco sobre lugares de Sao Paulo que conheço e descrevo o lugar relacionando-o com a experiencia que tive la. Um site que seleciona blogs (http://www.paperblog.fr) tambem me convidou para participar de sua seleçao, que faz uma triagem nos blogs de qualidade que circulam por ai.
Conversando esses dias com meu pai, falavamos sobre isso, sobre falar sobre as coisas com uma propriedade que nao temos, visto que nao a vivemos de verdade, na pele, posiçoes que as vezes afirmamos com uma certeza tremenda, e que é falso, mas ao mesmo tempo insconsciente, visto que nao nos damos conta desse movimento. Se pudessemos neste instante mesmo, que afirmamos o que ciclano e fulano passaram e nao eu, perceber o tamanho da bobagem que estamos dizendo… seria um balde de agua fria, mas nos faria pensar um pouco antes de sair dizendo qualquer coisa.

Mas por que falamos tanto, sobre tanta coisa que nao sabemos ?

Sera que queremos criar uma imagem de nos mesmos de sabedoria e conhecimento ?

Sera que temos consciencia de que quanto mais afirmamos uma infinidade de « eu acho », mais perdidos estamos ?

Afinal, o que procuramos ?

lundi 2 mars 2009

Reencontros e despedidas



Despedida é sempre aquela coisa, da um no na garganta, uma vontade de chorar, de agarrar aquele que esta indo embora e abraçar, abraçar, abraçar ! Agradecimentos, desejos de boa viagem e aquele clima esquisito e silencioso em casa apos a partida. Foi assim também com a Silvia, o Fernando, o Guto e a Lila. E como nevava naquela manha de segunda feira…
La pelas 15 horas, escrever um e-mail lindo, agradecendo e pedindo desculpa por qualquer coisa - eis que a resposta vem com um telefone a dali ha algumas horas : - Os voos foram cancelados !!! Você aceita a gente de volta ?!!!
E depois de terem passado o dia no aeroporto, la estavam eles de volta, de mala e cuia, no ja entao Lar Doce Lar deles também…Assei a segunda Gallette des Rois naquela noite. Ops, pausa para explicaçoes sobre o que é uma Galette des Rois :
Se trata de um bolo de massa folheada, com recheio de amêndoas moidas, manteiga e açucar, mais conhecido como frangipane. Tradicionalmente comido no dia de Reis, 06 de Janeiro, é envolvido de um ritual, que pelo que sei funciona assim : o mais novo da casa entra embaixo da mesa e, enquanto alguém parte o bolo em fatias, denomina para quem vai cada uma delas. Como o Iago ainda nao fala, nem tem discernimento de escolher para quem vai cada fatia da gallette (mesmo porque acho que ele, se pudesse, ficava com todas), Ariel sempre vai para baixo da mesa e elabora as mais incriveis estratégias para tentar ficar com a fève, a parte divertida da comilança toda. Essa fève é uma pequena peça de porcelana colocada dentro da gallette antes dela ser fechada. Assim, é recomendado muito cuidado e uma delicadeza francesa no comer para nao se quebrar um dente… aquele que receber a fève em seu pedaço é o Rei da noite. Ainda nao descobri as vantagens disso, mas o Ariel esta sempre pronto a tomar todas as medidas possiveis para ficar com elas, ja sabotou uma vez, ficando com o pedaço do Celio e criou a regra de que o rei tem direito a um pedido. Descobrimos naquela noite que o pedido da ultima gallette havia sido atendido, eles nao tinham conseguido ir embora… mistérios da vida e da força das crianças ! Apos idas e vindas, contabilizamos ao menos três gallettes compartilhadas e três reis distintos !
No dia de Reis, la foram os cavaleiros novamente ao Campo de Batalha em busca de um lugar no proximo voo para a Italia. Batalha terminada, mas nao completamente vencida - retornaram novamente com as malas, ja musculosos de carrega-las - mas animados com o voo marcado. Tao animados que tiveram pique ainda de ir à Paris espairecer, caminhar na Champs Elysées, dar mais uma espiadinha na Torre Eiffell e… fazer um jantar maravilhoso de despedida !
A Silvia, mae de todos, nos preparou um assado de carne de porco que desmanchava, acompanhados de batatas ao creme e arroz selvagem… um deslumbre ! E ainda brindamos, por mais esta noite, sabendo que as pequenas rasteiras do cotidiano nao devem abalar o astral de uma viagem tao intensa. Sera mais uma boa historia pra contar…
Por fim, la foram eles, destemidos, voar rumo à Italia - do charme parisiense às pedras romanas !
E ainda nos sonhos nos encontramos mais algumas vezes, sabendo que temos um futuro encontro em outro lugar…

dimanche 22 février 2009

Os prazeres da boa mesa e da boa companhia.







Receber os amigos é ao mesmo tempo agradavel e imprevisivel, ainda mais se eles se hospedarao em nossa casa por um tempo. Expectativas e questoes praticas surgem, sera que o colchao sera mole demais, ou a coberta muito quente; e se formar fila no unico banheiro ? Preparativos em ordem e a tentativa de prever os imprevistos. Eis que se seguem muitas surpresas enriquecedoras. Durante o mesmo periodo em que o Celio e a Marcia estiveram aqui em casa, durante as Festas de Natal e Ano Novo, recebemos uma querida familia, Fernando, Silvia, Guto e Lila. As crianças estudaram na Agora com os meninos, e o Guto vinha tantas vezes em casa que ja era mais um filho... Viemos para a França ha exatamente um ano, dia 21 de fevereiro de 2008, e a Silvia veio se despedir com as crianças e um bolo para que o Guto festejasse seu aniversario com os grandes amigos; quanta sensibilidade e carinho de mae !
Desde o momento em que chegaram, durante a viagem que fizemos aos Alpes, até as repetidas despedidas... pudemos compartilhar de momentos muito descontraidos e divertidos em torno de uma boa mesa.
Fernando tentava descobrir e se aventurar com algumas iguarias disponiveis no supermercado proximo a nossa casa : salmoes e trutas defumadas, seus molhos de acompanhamento, os queijos franceses, italianos (gorgonzola com mascarpone sobre uma fatia de maça Golden, unh !) e uma infinidade de tipos diferentes de salame e presuntos crus, mais curtidos, mais suaves... os quais fez questao de experimentar, um a um... Ele, se supria dessa fartura e nos, nos deixavamos levar pela sua companhia leve e divertida, recheada de um bom humor do "caipira refinado" mais gente boa que ja conheci. Toda a sua tranquilidade interiorana era sempre equilibrada pela gentileza cuidadora da matriarca da familia, Silvia, embelezando e poetisando cada pequeno instante que estivemos juntos. Momentos sempre regados à bons vinhos e à troca de conhecimento e contentamento.
E as crianças ? Sem contar o Iago, borboleteando e saculejando de colo em colo, fazendo batuque com as panelas, mesmo doentinho... nao poderiamos dizer que tinhamos cinco em casa !!! Os meninos, um tanto exageradamente mergulhados no hipnotico video-game e a Lila melhor entretida em seus livros; exagero compensado durante as aventuras na neve... Da relaçao de profunda amizade, o que é importante permanece, e o tempo nao apaga, nenhum tipo de mudança altera. Deu para ver, sentir, ouvir, curtir o amor amigo que existe entre eles.

Entre a mala amarela da Silvia, perdida pela Italia, e os "pitstops" que Fernando e Lila faziam no supermercado para alegrar a mesa com suas guloseimas, foram quase três semanas de intenso convivio.

Nossa festa Natalina nos Alpes também foi incrivelmente despojada e nao menos bem servida. Macarronadas de maes : Silvia nos preparou uma massa cujo molho tinha como base roquefort e pêra com creme de leite fresco e eu parti para o basico sucesso por aqui de bacon, cebolas e creme de leite fresco (derivado do prato Alsaciano Flammekueche)... E, brincando felizes , fizemos um Caça ao tesouro para as crianças, e elas fizeram o mesmo para nos. E cada enigma engraçado que surgia, a gente se divertia, e ria , ria, ria... sera que eles se lembram do enigma que a Silvia tinha que decifrar ? Cheiroso, colorido, comestivel e que faz bem para a saude ? So podia ser o Fernando ?!! Nao, protestaram as crianças, sao as frutas !!! Os prêmios ? Saquinhos de balas !



E com alegria, todos pudemos perceber e sentir o verdadeiro espirito de Natal : a celebraçao da vida, da uniao e do amor maior !

samedi 14 février 2009

Cedendo espaço


A gente vive achando que sabe o que e "ceder espaço".


E uma frase tipica de briga de casal, nao e mesmo ? Mas sera que sabemos mesmo o que e isso ?




A gente tambem vive achando que conhece os outros. Ah, somos da mesma familia, nos conhecemos ha mais de dez anos...Mas a gente so conheça um "bocadinho" de uma pessoa quando ela esta com a gente por um tempo, debaixo do mesmo teto...




E e muito interessante - estressante de inicio e divertido depois - todas as reflexoes que podem surgir deste convivio.


De cara, todas as relaçoes entre os membros da familia mudam. A "pessoa extra" e requisitada na atençao dos pequenos e na preocupaçao reconfortante dos grandes. Ate as cores, os sons e os cheiros do ambiente ficam diferentes. A atmosfera cotidiana da casa composta de algumas substancias recebe uma outra que a modifica claramente. Acho que a harmonia das relaçoes e balançada e reestabelecida apos certos encaixes; encaixes em um espaço invisivel que pode ser dividido em mais e mais pedacinhos... mas e certo que isso leva um certo tempo e testa a flexibilidade de todos...




Na pratica, e a louça que nao e lavada e colocada no mesmo lugar; a vaga na mesa da sala de jantar que tem que mudar, e ai que a gente ve como e bom sentar em outro lugar e ver as coisas de outro angulo; a hora do banho, o que se come no cafe da manha, a disposiçao quando acorda e quando vai dormir (ou quando se passa a noite zanzando)... Oportunidades gigantescas de mudança de habito, de abrir mao de manias mesquinhas sem sentido, e a chance de aprender com a simples existencia do outro.


E o que damos em troca ? So um pequeno espaço !!!


Tanto por tao pouco...




Agora, quanto a conhecer o outro... acabo achando que levarei pelo menos mais uns trinta anos para nao me surpreender neste convivio misterioso, e terei mais chance de conhecer um pouco mais de mim mesma do que quem quer que seja.
Texto dedicado aos meus cunhados Celio e Marcia...

vendredi 13 février 2009

Sao Paulo pelos meus olhos


Escrevendo sobre o meu avo ha algum tempo atras, revivendo em minhas lembranças a memoria dele (texto no blog do Cicerone Brasil http://ciceronebrasil.blogspot.com/ no dia 29 de janeiro), identifiquei na minha historia o meu olhar particular de Sao Paulo : a Sao Paulo vista pelos meus olhos...

Depois de passar 11 anos na mesma escola em Cotia, SP, indo estudar a pe (de vestidao e chinelos no colegial), fui "apresentada" a uma Sao Paulo diferente da casa de minha avo e dos meus parentes da Lapa e da Pompeia.

Apresentaçao dessas meio sem cerimonia, na pressa caracteristica paulistana. Cai de paraquedas no Objetivo de Pinheiros, querendo estudar no meio da fumaceira do Vaticano(sala onde estudavam juntas Humanas, Exatas e Biologicas) - os alunos ainda podiam fumar na sala de aula !...

Indo de onibus para a Paulista assistir as aulas a tarde, passeando no MASP e comendo Mc Chiken... mal sabia que ainda ia zanzar muito por Sampa.

Entrei em Psico no Mackenzie e comecei a dar aulas de informatica. Das passadas pela Praça da Republica, tenho boas peças peruanas; do restaurante chines perto do Largo do Arouche, os melhores rolinhos primavera que ja comi. No onibus entre a Praça da Arvore e a Consolaçao, conseguia espiar entre os cochilos os pedestres da Paulista.

As segundas feiras, descia a rua Veridiana para pegar o metro Santa Cecilia, e la estava Sao Paulo diante dos meus olhos:o contraste numa so rua, predios elegantes de Higienopolis e as habitaçoes mais populares com a proximidade do centro, mais gente, mais vida...mesmo que corrida...

Tantas pessoas entraram e sairam da minha vida naquele tempo, umas que ainda mantenho contato, outras que nao tive mais noticia, mas todas relaçoes de aprendizado que tiveram razao de ser.


Mas tenho uma imagem, como uma foto preferida, daquela epoca... da rua Consolaçao vista do ponto de onibus que dava as costas para um muro do Mackenzie, sentido Centro-bairro. Gostava de olhar os outdoors nos predios espremidos naquela descida e suas luzes de neon, eles eram estranhamente um sopro de vida no entardecer caotico e barulhento que acontecia em volta. Aquela imagem era como uma brisa fresca, um consolo pelo cansaço de um longo dia, uma recompensa por aquele momento estar sendo vivido.

E de uma forma muito especial esta imagem ainda me alimenta ate hoje, pela experiencia vivida muitas vezes ao me deparar com ela, como se estivesse dentro de mim.

Certamente quem e paulistano ou vive em Sao Paulo tem tambem a sua "foto", e mantem de alguma forma uma relaçao com ela. Vasculhe suas lembranças e compartilhe...se quiser, aqui mesmo nos comentarios...