samedi 22 décembre 2018

Atravessada pelo divino

Talvez eu fale da mesma coisa de sempre, nessa época do ano. Mas dentro de mim ressoa como novo, esse ano que finda, mais um ano que constato, desesperadamente, que mal vi passar...
Como todo ano, espero ansiosamente pelo concerto de Natal da Orquestra do Conservatório, delicioso hábito cultivado desde os tempos em que Hector ainda cantava no Coral. De ano em ano, ainda guardo impressões preciosas desses mestres da música clássica que mal conheço, e que no entanto parecem tão próximos, tocando notas que não precisam de palavras para emocionar.
Mas este ano, ah; este ano. O verão e o inverno de Vivaldi ressoaram dentro de mim, meu presente e meu passado, como turbilhões de emoção. Sem pedir licença, completamente entregues à seus instrumentos, seres humanos se aproximaram do divino por alguns instantes. Desse divino silencioso em meio à entrega absoluta da tarefa de tocar. Flutuavam em conjunto, como um único organismo; dirigidos pela dança sempre precisa do maestro, cuja alegria impregnava a atmosfera desse lugar que ficou ainda mais sagrado nessa noite. Noite em que uma violonista parecia ter asas, e nos atravessou com seu arco como uma flecha de confiança e esperança. Vivaldi, nunca mais te escutarei da mesma forma, agora você vive dentro de mim... no mais profundo e precioso de mim.

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