lundi 10 septembre 2018

Um concerto conserta.

A volta à rotina impõe uma servidão ao tempo. Já ficando acostumada a respeitar o ritmo da necessidade, percebi que correr atrás do tempo cansa, pior, quase nos faz desaparecer, funcionar em sua função.
Eis que surge um convite para um concerto. Ah, nada mais poderoso que um concerto para me consertar, me tirar do marasmo que acomoda.
As idéias ficam de lado, perdem a prioridade.O som ecoa dentro da caixa acústica na qual me transformo. Ele é puro, vibrante. Toma todo o espaço. Octuor, oito músicos e seus diferentes instrumentos. Respeito tanto esses seres musicais. São mais que humanos, se aproximam do mundo impalpável, pouco a pouco se aproximam de uma outra sensibilidade : a da escuta. Se não se abrem ao som, como saber se ele é justo ?
Mas não basta a escuta, é preciso estar junto; absolutamente. Cumplicidade nos olhares que se acompanham, uma outra energia aparece, é perceptivel. E então a vibração atravessa, rompe as barreiras concretas do corpo. 
O som aveludado acaricia primeiro os ouvidos e então alcança todo o corpo, curando como quando fazemos uma prece que, por fim,  abençoa a nós mesmos.
Nunca vivera um "piano" tão perfeito. Tão suave, tão delicado, e ao mesmo tempo tão preciso. E o prazer de observá-los por duas horas, no êxtase da intimidade com o seu instrumento. Música cura, lava a alma feito cachoeira, vibração misteriosa de uma outra dimensão.

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