samedi 22 septembre 2018

Porque temos uma à outra

De longe, nos acompanhamos. Quase sempre foi assim. Mas, de verdade, o longe nunca importou. Revê-la é voltar à infância, à juventude, aos momentos compartilhados. Não nos esquecemos de quase nada. A amizade mora em nós, sem que precisemos ouvir outra voz. Quando esteve longe, trocávamos cartas. Eu me desculpava por serem curtas, mesmo sendo extremamente longas. Eu era extensa, me estendia por onde não precisava e não devia. Era precoce e rígida, até na linha imaginária que acompanhava minha letra então redonda e contida.
Mas dava sem pedir nada em troca, na beleza ingênua e generosa da juventude, na crença de que o mundo estaria só esperando pela minha chegada. Cheguei, e fui pega de surpresa pela realidade.
A nossa vida, minha e dela, mostrou que o mundo não se incomoda tanto assim com a nossa presença; nem com a nossa sensibilidade e força de trabalho. Mais um dia nos encontramos, mais uma vez confirmamos o que vivemos há muito tempo : que não podemos nos abandonar, que não podemos deixar de lutar : por nosso lugar, nossa vida, nossos sonhos... e das mulheres que virão depois de nós. Mas, acima de tudo, agora. E primeiro, por nós. Sempre.

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