vendredi 30 mars 2018

A morte como um caminho

Desabei no sofá lá pelas sete da noite. Cansada. Contando quantas horas de trabalho não consideradas estão sobre as minhas costas. Depois de passar a tarde na faxina, sabendo que ela me esperará sexta que vem, deitei-me com o sol batendo pelo vidro e me aquecendo os braços.
Na minha navegação interná2utica me deparo com a história de Ana Beatriz Cerisara, a professora que recusou o tratamento contra o cancer terminal que acabou de levá-la. Ela conta seus últimos dias, com uma tranquilidade impressionante. Ela fala do tempo com um respeito e o olhar ao longe. Não consigo imaginar o que viveu desde sua decisão, mas pressinto o quanto precioso foi. Com os olhos cheios d'água, ela se sente abençoada por não sentir dores. Ela partiu seis dias depois da entrevista, e parecia mais saudavel que muitos com os quais cruzo por ai. Talvez mais que eu mesma... 
Talvez tenha encarado a morte como um caminho,  e não como um fim. Talvez tenha aprendido a respeitar o desconhecido, sem para tanto, temê-lo. 
Sua dignidade me inspirou a daquele que talvez tenha partido numa sexta feira - que se tornou santa- com essa tranquilidade, talvez com a certeza de que não seria esquecido, que sua história seria contada e recontada, mesmo que exageradamente interpretada. 

Tantos simbolismos moram na vida e na morte, na relação entre elas... e já saimos interpretando tudo. 
E se nos deixássemos impregnar por eles, silenciosamente; seríamos capazes de perceber seu verdadeiro significado ?

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