jeudi 1 mars 2018

Pela liberdade de ser criança

Faz uns dois anos que me descobri no livro "Mulheres que dançam com os lobos". Pode até parecer meio mistico e tals, mas resgata de um jeito muito direto, e misterioso ao mesmo tempo, o contato com uma feminilidade perdida. A autora, Clarissa Pinkola Estes, apresenta com enorme sensibilidade a importancia das mulheres se reaproximarem de algo selvagem e instintivo que nos habita. 
Todas nós, mulheres da minha geraçao e das anteriores podem confirmar que essa aproximaçao da mulher com o selvagem vai sendo podada desde a mais tenra infancia. Quantas de nós quando crianças nao queriamos subir em arvores, brincar de voar. Quantas de nos nao foi impedida de brincar como menino. Minha mae mesmo, conta do quanto gostava de brincar na rua no que chamavam de "brincadeiras de meninos", tipo Queimada e Pega-pega.
 O que nao sabiam, é que eram brincadeiras de crianças. Por que essa necessidade de estabelecer padroes de comportamento de "menina" e de "menino" ? Qual a necessidade de podar a aproximaçao feminina com esse universo tao maravilhoso que é a natureza ? Por que incentiva-las somente a brincar num imaginario limitado a reproduçao da vida dos adultos ? A relaçao de poder e submissao que me parece estar em jogo é muito mais profunda do que podemos imaginar, e merece ser vista de perto por cada um de nos, homens e mulheres, pais e maes.
Acredito realmente que enquanto uma aproximaçao justa da realizaçao intima de homens e mulheres nao acontecer, todos os seres humanos estarao perdendo. Olhe a sua volta : os casais que nos rodeiam, tem relaçoes iguais, onde ambos tem os mesmos direitos e obrigaçoes ? Se nao for o caso, sera que nao é bom refletir no porque disso tudo ?
Tenho muita fé no que pode ser feito com os pequenos, nessa liberdade de exercer a construçao de suas indivualidades como crianças, independente de seu sexo e de acordo com suas necessidades. Pois uma menina pode preferir jogar bola, assim como um menino pode preferir brincar de boneca, e ambos crescerao de uma forma saudavel se suas necessidades e caminhos de aprendizado forem respeitados.
E no contato com a natureza, realizarem o aprendizado mais profundo e significativo de suas vidas, esses que nenhuma escola podera dar.
Crescer com liberdade pra brincar, e sentar numa balança e voar o mais alto possivel, sentir o vento de olhos fechados e o frio na barriga, e pular de la de cima, esperando cair na grama desviando das pedras do caminho. Quantas impressoes nao pude experimentar quando brincava assim com a Tati, cujas lembranças talvez tenham traçado o que sou hoje ?
Deixemos as crianças serem crianças, em sua plenitude. Certamente nao erraremos se escolhermos esse caminho.

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