mardi 27 mars 2018

O domador do tempo

Hoje é aniversário do nosso highlander do Alto da Lapa. Alguns o chamam de Dr. Manzano, outros de "Seu", ou ainda simplesmente Biso. Alguma coisa que não sei muito bem, apenas pressinto, o impulsiona a querer viver cada vez mais. Hoje ele alcança seus 88 anos, mas quer mais, quer chegar aos 120...tenho certeza que aos 90 sua meta alcançara os 130...  
Essa célula paulistana viveu e teceu uma história rica de particularidades, algumas das quais pude participar...
Nasci e cresci bem pertinho dele. Foi principalmente a partir de seus "olhos" que pude desenvolver uma admiração e relação intima com o pouco que conheço da cidade de São Paulo. No entanto, posso dizer que são muitas lembranças carregadas de sentimento compartilhadas nesse convivio.
Meu avô foi dessas "células" trabalhadoras  que me parecem representar bem um típico paulistano da sua época. Lia vários jornais todos os dias, de ponta a ponta, incluindo os óbitos e as propagandas. Trabalhava desde jovem como contador, depois como advogado perambulando semanalmente pelos cantos do centro, Lapa e redondezas. Não precisava de guia, menos ainda de Google, pois ainda hoje conhece as ruas "de cor" ( de coração mesmo ) e ao explicar como chegar à algum lugar é capaz de fornecer ainda o melhor caminho, de acordo com o ponto de partida. E, claro, tem sempre alguma história guardada na manga ou uma piada a respeito do local, na ponta da língua. Não há, que eu saiba, um bairro desconhecido em seu itinerário.
E, como um viagem no tempo, remonta-nos , por meio de suas experiências ao seu passado, ainda tao vivo em sua memória, à essa época tão preciosa para ele.
Conta dos bondinhos, de seu primeiro automóvel, dos alagamentos que enfrentou em uma antiga casa e do dia a dia de seu antigo escritório de advocacia, que cheguei a conhecer. Lembra com impressionante exatidão do que eram as ruas e construções da época e mesmo a data que haviam sido construídas. Mas a voz muda ao se lembrar da vó Norma, presente em cada canto da casa.  Hoje, mais do que nunca, ele reconhece o valor dela e de sua mãe, das mulheres fortes e generosas que foram.



Ele quase arrancava nossos narizes, para desespero dos alérgicos, mas era só uma brincadeira desajeitada. Com o passar dos anos, os puxões de orelha e as ordens de limpar o prato foram se transformando numa doçura mais temperada e tolerante. Não esconde o brilho no olhar quando o coração é tocado, nem o trejeito maroto quando presenteia seus brinquinhos as damas de todas as idades, esperando nada mais que um sorriso em troca. 


Meu amor por voce meu avô, é dificil de explicar. só sei que sinto uma enorme gratidão por voce existir. Que você festeje muito hoje e todos os dias que virão...

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