mercredi 7 mars 2018

Poltrona da entrega

Revivi hoje, num papo entre amigas, uma das minhas lembranças mais queridas. Uma delas contava da paixão de sua filha pelos livros. Gosta tanto de ler que há anos tem uma prateleira recheada de livros, que na infância era uma cabana. Classificava os livros de acordo com seus desejos de leitura, e diz que até hoje le várias trilogias ao mesmo tempo, variando de acordo com sua vontade no momento.
Eu, tenho ainda a nitida lembrança da imagem : sentada numa pequena poltrona, próxima a uma janela que deixava uma luz suave entrar. O ambiente era calmo e eu tinha a sensação de que tinha toda a vida pela frente. Era verdade, mas eu me sentia extremamente segura entre os livros, como se todas aquelas histórias estivessem lá, todas me esperando. E quantas histórias, que poderiam me levar a lugares inimagináveis, me transportar a vida dos personagens, saidos do sonho de alguém...
Assim eu li e reli livros - mesmo os "Infanto-Juvenis" - que me servem como um porto seguro, quando nada mais parece ter graça; ou que tem o poder de me fazer voltar a acreditar no futuro. Entrelinhas, o autor sempre entrega um pedacinho precioso de si mesmo. Como diz minha amiga Sophie : "todo livro tem sua pérola".

Dos rituais que se fazem quase que naturalmente quando me aproximo do final de um livro, como quando a gente se prepara pra terminar nosso prato predileto... salto a absoluta displiscência, depois de um tempo não lembro mais seu nome, como se houvesse rompido um relacionamento. O livro permite essa entrega e esse desapego ao mesmo tempo. Que vontade que deu de me aproximar da minha prateleira atual, onde tantas histórias desconhecidas ainda me esperam...

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