samedi 31 mars 2018

Lembranças de Magrelas

Não estamos na Montmartre de Amelie Poulain, nem mesmo nos arredores do gostoso parque des Buttes Chaumont.
Mas temos nossa subida diária garantida por todos os lados. O que por um lado é vista garantida, põe o folego da gente à prova.
Até tentei me aventurar de bike por elas, mas confesso que ainda não consegui fazer da bicicleta meu meio de transporte. 
Nem pareço aquela menina apaixonada por uma magrela. Qualquer uma servia, grande sem alcançar o chão, pequena levantando o banco pra fazer bicicross no parquinho, só não sabia usar marcha , que praticamente nem existia nos anos 80.
Meu primeiro triciclo chamava bolão e andava com uma almofada atrás pra alcançar os pedais. Primeiras quedas e cicatrizes, bem gravadas na minha memória manchada de mercúrio cromo.
A queda histórica foi na descida perto de casa, quando não consegui fazer a curva e voei pela borda da calçada, que felizmente não existia, e aterrissei na grama sem nenhum arranhão. Sem capacete desciamos as ladeiras sem medo, cabelo ao vento, felizes da vida.
Mas minha lembrança mais forte é de uma curva precisa dos fundos de casa. Era uma curva que eu tinha que deitar um pouco a bicicleta pra fazer, e se não fizesse, ralava o joelho no chão. Não me lembro quantas vezes ralei, mas lembro bem da concentração exigida para executá-la, com atenção e velocidade, senão não tinha graça né ?
Mas eu não era só de ladeira...adorava pegar as bikes da Praia Grande, na casa do Seu Meleto e da Dona Olga. Elas eram enormes e pesadas, e pra pisar no chão tinha que descer do banco. Delicia sentir a maresia batendo no rosto enquanto desviava dos buracos que se escondiam sob as poças d'água pós chuva de verão. Já gostava de andar sozinha por aí, num encontro comigo mesma, numa época em que podíamos fazer isso sem receio.
Primavera chegando, quem sabe a coragem não me alcança e a bicicleta me seduz como nos bons velhos tempos de menina.

Aucun commentaire: