dimanche 25 mars 2018

Saudação ao sol

O sol iluminava a sala através do vidro,  e alaranjava a peça passando pela cortina da mesma cor. Um convite para abrir a porta. A varanda convidava, não havia vento. Aos poucos me entreguei à sensação de um corpo que se relaxa ao não se deparar com o atrito do frio habitual. Deitei-me no banco, deixei esse sol de primavera vir ao encontro dos meus poros. Para minha surpresa, ele me aquecia sem me fazer transpirar. Me entrego a essa impressão e adormeço um sono justo após uma manhã de trabalho.
Se fosse sonhar, sonharia com os longos dias de sol do verão de Boissucanga, entre o mar e o rio. Desse sol que me queimava, que esquentava, me aconchegava nos meus 15 anos. Desse sol que eu só deixava depois de vê-lo se deitando no mar em cada final de tarde.
Desde que me lembre, sempre fui viciada em sol, na sensação desse calor que se intensifica e se afasta com as passagens das nuvens. De olhos fechados, não dormia, me deixava hipnotizar por ele, seu ritmo; pelas longas esperas com o corpo em arrepio após o banho de mar. Minha história tem sua marca registrada em minha pele. Cada ruga conta um momento de felicidade desse encontro, onde me rendi ao seu poder de sedução. Uma história de amor entre o sol e eu.


Hoje não posso mais me entregar a ele completamente, algumas cicatrizes me põem em risco. Mas é o preço a pagar por esse amor sem fim, essa paixão inexplicavel que me incita a ficar, lá, onde seus raios possam me alcançar.
Esse reencontro anual na chegada da primavera me renova, me alimenta, me inspira à gratidão.
 A cada primavera meu corpo vai te esperar, para se sentir novamente acolhido pela atmosfera e pelos seus raios preciosos.

Aucun commentaire: