Essa manha fui à Paris comprar um tapete de ioga. Dia de greve no RER B. Ainda assim consegui pegar o trem das 11h. Podia até dar musica...
Abri a porta do vagao e quase tropecei num saco de lixo. Um pacote de chocolate Lindt amassado estava grudado no saco transparente. O saco tinha dono, um rapaz sem domicilio fixo que lia o jornal rindo e comendo um velho pedaço de pao.
O dia cinza de céu encoberto lembra a Paris de sempre, de tempo "mediocre" como dizia Reali Junior, falecido recentemente. Tanto quanto os restos mortais nao imagino do que do saco plastico do rapaz mais à vontade do vagao, que começava a penetrar nas narinas de quem estava perto. Desço na proxima, exatos 11h11.
Espero minha amiga no cais da linha seis : palco de espetaculos. Um cantor afina a voz e o violao olhando para o mapa do metro, dando às costas às pessoas, partindo em seguida para seu ganha pao; enquanto do outro lado dos trilhos uma harpa ressoa magicamente, suavizando o ambiente subterraneo, e os azulejos brancos brilham no tunel como se pudessem se transformar num céu estrelado. E tudo em musica havia terminado.
jeudi 28 avril 2011
dimanche 24 avril 2011
Domingo de Pascoa
Me dirijo ao supermercado da esquina para comprar algumas coisas que estao faltando para o almoço de hoje. Afinal é Pascoa, o que pede um almoço especial... Mas por quê mesmo ?
Na rua estao todos apressados, como se fosse um outro dia da semana. Concentrados em cumprir os planos de acordo com a lista em maos, correndo para poderem descansar caminhando pelo parque apos a caprichada refeiçao.
E o dia vai terminando depois de toda essa maratona, como so mais um domingo em familia. Ah, era Domingo de Pascoa, com direito à ovos de chocolate e talvez mesmo um "Caça ao Tesouro" no jardim.
Mas o que eu queria saber mesmo é onde estava a Vida que corre dentro de cada um de nos num dia assim...
Estou mesmo disposta à buscar a renovaçao, à "morrer" e me "sacrificar" e renascer das cinzas ? Sera que nao falo muito e faço pouco ?
Nessa reflexao talvez more o sentido da Pascoa : o de que nao cumpro muitas vezes com a palavra que uso com tanta facilidade...e que nesse reconhecimento, ai entao, alguma esperança renasça.
Na rua estao todos apressados, como se fosse um outro dia da semana. Concentrados em cumprir os planos de acordo com a lista em maos, correndo para poderem descansar caminhando pelo parque apos a caprichada refeiçao.
E o dia vai terminando depois de toda essa maratona, como so mais um domingo em familia. Ah, era Domingo de Pascoa, com direito à ovos de chocolate e talvez mesmo um "Caça ao Tesouro" no jardim.
Mas o que eu queria saber mesmo é onde estava a Vida que corre dentro de cada um de nos num dia assim...
Estou mesmo disposta à buscar a renovaçao, à "morrer" e me "sacrificar" e renascer das cinzas ? Sera que nao falo muito e faço pouco ?
Nessa reflexao talvez more o sentido da Pascoa : o de que nao cumpro muitas vezes com a palavra que uso com tanta facilidade...e que nesse reconhecimento, ai entao, alguma esperança renasça.
samedi 23 avril 2011
Instante
Ele cruzou o jardim japonês de uma so vez.
Nos passos curtos de seus sapatos marrons
com sua veste surrada, de gola virada,
atravessou o deck curvilineo e parando de repente
virou-se pra mim interrompendo minha mente.
Nao se repousou
Nao se sentou
Apenas olhou
Olhos distantes, mas inebriantes
acompanhando o nariz anguloso
e seus cabelos de um cinza brilhante
Queria desvirar a gola de sua veste
pois talvez ele nao tenha mais quem o faça;
queria beijar sua face rosada
desse senhor que poderia ser meu avô
Com os bracos cruzados para tras
compensava a leve envergadura que com a idade se faz
contemplando algo que pairava pelo ar.
Seriam as flores ou as sirenes ?
Talvez os graos de polen sobrevoando contra a luz do sol poente ?
Ou algo que so à ele faz sentido...
Dificil de ser dito.
Balbuciou algo, vi seus labios se mexerem
algo que eu jamais irei saber
pois deu-me as costas em seguida
partindo sem eu querer .
Nos passos curtos de seus sapatos marrons
com sua veste surrada, de gola virada,
atravessou o deck curvilineo e parando de repente
virou-se pra mim interrompendo minha mente.
Nao se repousou
Nao se sentou
Apenas olhou
Olhos distantes, mas inebriantes
acompanhando o nariz anguloso
e seus cabelos de um cinza brilhante
Queria desvirar a gola de sua veste
pois talvez ele nao tenha mais quem o faça;
queria beijar sua face rosada
desse senhor que poderia ser meu avô
Com os bracos cruzados para tras
compensava a leve envergadura que com a idade se faz
contemplando algo que pairava pelo ar.
Seriam as flores ou as sirenes ?
Talvez os graos de polen sobrevoando contra a luz do sol poente ?
Ou algo que so à ele faz sentido...
Dificil de ser dito.
Balbuciou algo, vi seus labios se mexerem
algo que eu jamais irei saber
pois deu-me as costas em seguida
partindo sem eu querer .
lundi 18 avril 2011
Diante da Fonte
Fecho os olhos e ouço
o barulho da fonte
soando como a chuva caindo em tempestade no telhado da minha casinha.
Abro os olhos e vejo
seus jatos transparentes buscando o céu,
atravessados pela luz do sol jorrando prateados e espirrando goticulas ao redor.
Fecho os olhos e sinto
o calor penetrando em minha pele, alcançando as profundezas mais frias em mim,
maltratadas pelo inverno vigoroso que se foi.
Abro os olhos e presencio
Iago transbordando alegria, celebrando com seus carrinhos vermelhos
Vida se expandindo em movimento.
samedi 16 avril 2011
Atmosfera
So vejo rostos sisudos
no trem de volta pra casa
De cansaço ou preocupaçao
Seriedade às vezes sem razao…
La vem a moça de oculos em forma de trapézio,
Apressada com o casaco debruçado no braço
e uma mecha teimosa colada na testa
deixando como visao so uma fresta
Tenta abaixar um banco retratil ao meu lado querendo se sentar
so que ela nao percebeu que nao havia banco nenhum para ela abaixar…
Quando finalmente olhou e constatou o acontecido
eclatou-se em um riso ingenuo e impreciso
rimos entao, em solidariedade, uns cinco ou seis ao redor,
e por alguns segundos,
a atmosfera ficou mais leve, aerada, descontraida,
nao podia ficar melhor
Nos sorrisos que nao queriam partir, o registro inegavel
da leveza que pairava, graças à um momento partilhado
de uma sutil beleza.
no trem de volta pra casa
De cansaço ou preocupaçao
Seriedade às vezes sem razao…
La vem a moça de oculos em forma de trapézio,
Apressada com o casaco debruçado no braço
e uma mecha teimosa colada na testa
deixando como visao so uma fresta
Tenta abaixar um banco retratil ao meu lado querendo se sentar
so que ela nao percebeu que nao havia banco nenhum para ela abaixar…
Quando finalmente olhou e constatou o acontecido
eclatou-se em um riso ingenuo e impreciso
rimos entao, em solidariedade, uns cinco ou seis ao redor,
e por alguns segundos,
a atmosfera ficou mais leve, aerada, descontraida,
nao podia ficar melhor
Nos sorrisos que nao queriam partir, o registro inegavel
da leveza que pairava, graças à um momento partilhado
de uma sutil beleza.
dimanche 10 avril 2011
Envolvida por uma casinha
Tem uma casinha bonitinha
com o jardim cheio de florzinhas amarelinhas.
Todo dia que passo em frente à ela,
uma so coisa me vem à mente :
Ali eu estaria bem contente.
Seu telhado é certamente do seculo passado.
Um pé de glicinia sobe pelas paredes
tomando o espaço de algumas venezianas
pintadas de azul claro.
Azul claro que encrustado na madeira encontra o lilas das glicinias, com o azul turquesa do céu ao fundo
Fazendo um tom sur tom profundo.
Os bambus usados como muro me cochicham num sussurro
e seu portao enferrujado a bater me convida
a rever por segundos aquele chao de terra batida.
Na textura de suas paredes, muitas historias devem estar escondidas
Sera que elas me contariam como foram vividas ?
mardi 5 avril 2011
Dentro de um livro
Que poder é esse que o livro tem, que leva a gente pra dentro dele e la nos retem.
Posso comer lendo, beber lendo, andar lendo.
Minha fome, minha sede e meus passos nao existem, sou interiormente devorada por ele, pelas suas reticencias e incongruencias.
E como se estivesse debruçada numa janela acompanhando o desenrolar da historia. Nao quero que ela termine, pois nao poderei nunca mais acompanhar a vida dos personagens, que ja fazem parte da minha.
No ultimo capitulo, me preparo intensamente para a despedida. Protelo, deixo pra depois; mas o momento de termina-lo é um desfecho inevitavel. E entao, de luto, deixo-me ser digerida por ele, até a ultima frase.
Vendo-me no dia seguinte, nao me reconheço, falta algo, uma relaçao, um eixo.
Os momentos vividos pela leitura preenchidos, parecem o vazio da partida de um parente querido.
Quem é essa que agora vê a abandonada da historia ?
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