samedi 23 avril 2011

Instante

Ele cruzou o jardim japonês de uma so vez.


Nos passos curtos de seus sapatos marrons

com sua veste surrada, de gola virada,

atravessou o deck curvilineo e parando de repente

virou-se pra mim interrompendo minha mente.


Nao se repousou

Nao se sentou

Apenas olhou


Olhos distantes, mas inebriantes

acompanhando o nariz anguloso

e seus cabelos de um cinza brilhante


Queria desvirar a gola de sua veste

pois talvez ele nao tenha mais quem o faça;

queria beijar sua face rosada

desse senhor que poderia ser meu avô


Com os bracos cruzados para tras

compensava a leve envergadura que com a idade se faz

contemplando algo que pairava pelo ar.


Seriam as flores ou as sirenes ?

Talvez os graos de polen sobrevoando contra a luz do sol poente ?

Ou algo que so à ele faz sentido...

Dificil de ser dito.


Balbuciou algo, vi seus labios se mexerem

algo que eu jamais irei saber

pois deu-me as costas em seguida

partindo sem eu querer .

1 commentaire:

Joel Balconi a dit…

Que linda poesia contada, cantada... deu até para pensar que com certeza deve ter lembrado do Manzano...