Como herdeira da minha vó, feiticeira na cozinha, resolvi aprofundar essa veia; mas não foi de imediato.
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No livro "As mulheres que correm com os lobos", fui reconhecendo esse lado selvagem e indomável, sem no entanto ser nocivo ou prejudicial. Na verdade, por muito tempo, as feiticeiras foram vistas como nocivas pois quebravam e questionavam a hegemonia masculina e religiosa. Foram vistas como bruxas e loucas, pois ninguém estava disposta a compreendê-las, à se aproximar de seu universo e suas necessidades : dançar, amar e se expressar livremente, ocupar um espaço que é dela.
Aos cerceadores dessas feiticeiras incompreendidas só restou a tentativa de dominação, de impor a sua vontade. As mais calmas, acataram, em nome de uma segurança morna e de uma emoção constante. As indomáveis sofrem até hoje para serem ouvidas, mas não abandonarão, até a morte.
Continuarão espalhando suas poções de amor, pela generosidade e dedicação, mas não aceitarão entrar no molde; estarão onde quiserem e onde puderem ser plenamente o que são.
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