lundi 27 août 2018

Logo ali, existo

Por aqui tem uma tribo da qual faço parte. Não tem cacique nem pajé, mas tem muita dança e muita música, muita energia que passa entre conhecidos, desconhecidos, passantes, assíduos. Ali sou todos e não sou ninguém. Não importa quem sou, faço parte do todo, e é por isso que existo.
Na nossa língua, em outras, tangos, preces, mantras. Tudo se transforma quando pequenos passos se manifestam expressando o que o corpo sente, vibrando em seu ritmo, levando os outros junto. Quando os corpos vão em direções opostas, parece que a energia circula ainda mais, como se os ventos não tivessem mais como se opor, já que o movimento está em todo lugar. O espaço acolhe, o tempo não existe mais.
N'outro dia, n'outro lugar, conhecido, cujo perfume e atmosferas tão familiares me emocionam; muitos eram também conhecidos. Abraços calados e densos, alguns rodeados de lágrimas, também silenciosas, que diziam mais do que as palavras. O rito era em torno da fogueira. A fumaça vinha no rosto mostrando quem mandava. O vento fazia com que sua direção mudasse, nós resistíamos àquela força intensa, sufocante, e ela partia em seguida, como se tivesse, por alguns segundos, só testando nossa resistência.
Defumei-me, não só as roupas como também os cabelos, e depois a toalha onde os enxuguei. Como se tivesse sido benzida, carreguei por alguns dias e agora registro a emoção sem palavras de estar nas rodas onde mais me sinto viva.

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