jeudi 22 février 2018

Cantora ou desenhora

Há quase quinze anos vivi algo que me marcou profundamente. Foi na Alemanha, quando fomos passar o final de semana na casa da familia de amigos. Por acaso, eu fazia trinta anos no dia que assisti pela primeira vez a um concerto de música clássica numa igreja. Até então, só ouvira esse tipo de música nas propagandas da TV. Nunca tinha sentido as vibrações me atingirem de tal forma, nenhuma das músicas brasileiras que tanto amo não tinha me tocado de forma tão direta. Fiquei num estado de encantamento e emoção absolutos, impressões que nunca me deixaram. 
Pouco a pouco, tive a oportunidade de reviver esse sentimento, indo assistir aos concertos nos quais o Hector cantava no Coral. Percebi que quando as vozes vibravam em certas notas eu era atingida como quando a gente fica apaixonado, numa mistura de susto e alegria. 
Nesse ano, me deparei com novas possibilidades que me fazem reviver esse sonho de criança, e passei a sentir a incrivel vibração das notas ressoando dentro de mim mesma. E quanto mais profunda a sensação, mais dificil descreve-la. Só sei que está sendo um grande desafio o aprendizado das notas, da exigência dessa atenção absoluta pra reconhecer o som, e da concentração profunda necessaria a leitura das notas. Se fosse mais fácil, seria até terapêutico. Você tem que estar inteiro ali, com precisão; pra dar a nota certa e já ver a seguinte...um esforço que eu nunca tinha feito antes. 
E quando temos a oportunidade de cantar e sentir o som vibrando dentro da gente e alcançando a mesma vibração dos outros, parece até que a gente sai de dentro de si mesmo e passa a ser parte de outra coisa, maior, junto com as outras vozes. Tô vivendo esse aprendizado com uma alegria de criança, e agora não só debaixo do chuveiro.


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