lundi 5 février 2018

O tempo não perdido é sagrado

Comecei a aprender a tocar violão lá pelos 15 anos. Mas não quis saber de aprender notas, convenci meu doce professor Lique a me ensinar a tocar minhas musicas preferidas só conhecendo a posição dos acordes. Me arrependo, e agora, depois de velha, decidi aprender a ler musica...mas isso é assunto pra outro dia.
Pelas forças do destino, um violão veio parar em casa, e soubemos que se trata de um dos bons. Ariel foi num especialista que trocou as cordas e lhe contou a relíquia que tínhamos em mãos.
Me aproximei dele de novo, mais do que tocar as musicas dos meu velhos cadernos, procurei novas que gosto de cantar pela internet e venho me deliciando em amortecer as pontas dos meus dedos da mão esquerda. Vez ou outra toco com o Carlos, que tem um belo piano e improvisa acompanhamentos maravilhosos...me sinto quase a Elis Regina francesa. Treinei "Clareana" caso o Joca fosse Clara, aprendi "O que você quer saber de verdade" e "Vilarejo" da Marisa Monte; me relaxo tocando "Felicidade" de Lupicinio e "Debaixo dos Caracois" que o Roberto escreveu pro Caetano. 
 
Hoje, enquanto folheava as paginas amareladas do meu primeiro caderno, o sol esquentava a sala, dando as caras depois de muito tempo. Com calma, descobri os acordes de Tempo Perdido do Legião Urbana, que minha memória conhece sozinha e meus dedos não tiveram problemas em seguir. Minha voz mais grave, assim como a letra da música realiza que esquece como foi o dia, ao acordar e antes de dormir. Que tempo não é perdido ? 
O sagrado...que me deparo em "Amor de Indio", do Beto Guedes; música que aprendi sem conhecer, a convite do Lique. A cantar do meu modo, grávida do Pedrinho... meus dedos não esqueceram a melodia, mas a voz estava presa na garganta. Enfrentei as lagrimas e consegui cantar, e não chorar. Aí vai um pedacinho...

                                     

"No inverno se proteger
No verão sair pra pescar
No outono te conhecer
Primavera poder gostar
No Estio me derreter 
Pra na chuva dançar e andar junto" 

E o sol se deitou esfriando a atmosfera e levando com ele a nostalgia do dia.

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