mercredi 21 février 2018

Nos corredores das Catacumbas

Um dos passeios que o Iago queria fazer nestas férias era visitar as Catacumbas, então procurei saber o horário mais tranquilo e fomos encarar a fila. Nunca pensei que iríamos passar as quase duas horas mais longas e frias das nossas vidas. No começo tínhamos sol, mas depois de alguns passos ele foi se embora e fomos acolhidos por um vento daqueles. Faltavam dez pessoas na nossa frente, e o Iago começou a querer desistir. Estava realmente tenso : não sentia mais meu nariz e dedos das mãos. Certamente eu não resistiria muito tempo nos pólos terrestres... Milagrosamente chegara a nossa vez. O ar das profundezas de Paris que costumam ser úmidos e gelados fizeram efeito de brisa morna de beira mar, tal era nosso estado de picolé humanos.
Descemos 21 metros numa escada rotatória que parecia não ter fim, cruzamos com as marcas de colocação de colunas dos corredores. Algumas foram colocadas na idade média. E finalmente chegamos ao Ossoário, cuja entrada tinha os dizeres : "Pare, é aqui o império da morte". O que era a principio um esvaziamento dos cemitérios parisienses em 1780, foi transformado em obra de museu por Héricart de Thury, que organizou os ossos construindo formas, marcadas por frases reflexivas sobre a morte enquanto seus crânios anônimos encaram seus visitantes que, misteriosamente cochicham ou simplesmente seguem em silêncio. Iago seguia na minha frente, fascinado. Encantou-se com os crânios e seu brilho e ficou impressionado que alguns ainda tinham dentes. Curioso sua naturalidade diante dos ossos, apesar da morte ser uma questão que o intriga, como se não associasse os ossos aos humanos que foram um dia.
Deixo uma mensagem dos corredores à reflexão :
"Pensez le matin que vous n'irez peut être pas jusqu'au soir, et le soir que vous n'irez peut être pas jusqu'au matin".
"Pense pela manhã que talvez você não chegue até a noite, e pense à noite que talvez você não chegue até a manhã."
Um convite pra vivermos o instante presente ? 


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