mardi 17 juillet 2018

A Francesca que mora em nós

Não é a primeira vez que as "Pontes de Madison" invadem minha vida. Enquanto procurava por algo para me distrair na arrumação da volta da viagem, não pude resistir a esse clássico, que a cada vez, me toca de um jeito novo.
Queria falar hoje dessa Francesca que nos habita. Essa mulher, que por inúmeros motivos, pode nos representar profundamente.
Queria falar hoje dessa Francesca que mora em mim. Não daquela que lamenta a partida desse amor, que hoje sei, impossível; não dessa que se arrepende em alguns momentos do que deixou ir.
A Francesca que mora em mim aceita essa morte em vida que vem com a maternidade, mas não se arrepende do trajeto percorrido. Assim como ela, a Francesca que mora em mim, vive intensamente os momentos de solidão, como presentes à si mesma, como momentos para estar próxima de si mesma e de suas necessidades.
A Francesca que mora em mim aceita ser desejada, mas não tolera que isso seja visto como prioridade. Ela representa muito mais a força dessa aceitação do que uma beleza vaidosa que busca o outro.
A Francesca que mora em mim ainda se sente mais culpada do que deveria, do que poderia ou não ter feito; mas ela começa a descobrir a sombra da culpa que a habita, que imediatamente ela perde um tanto do seu poder.
A Francesca que mora em mim ainda não encontrou plenamente a direção dos seus sonhos, mas já teve um bom punhado deles realizados pelo caminho.
A Francesca que mora em mim é força bruta, esculpida pela vida, marcada pelas rugas e músculos, gorduras e peles. E ela ama o que é.
Que nossas Francescas encontrem o caminho de se realizarem plenamente como mulheres, que tenham a força para mudarem seus trajetos e continuarem trilhando seus caminhos, sem culpa e arrependimentos. Que nossas Francescas possam amar esse amor, que o filme convida, que abraça o mundo e não exclui, que se dispersa entre as cinzas ao encontro das origens.


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