mercredi 18 juillet 2018

Segue, casinha

Era uma vez uma casinha. De madeira. Criança, acompanhei o seu acontecimento. Cada passo de sua aparição : nos troncos das árvores cortadas, brinquei com minhas amigas; no seu esqueleto que foi surgindo pouco a pouco, fui imaginando a presença constante da minha avó que ela traria.
E assim foi, por longos anos...café da manhã na casinha da vó, café com leite na xícara de cerâmica marrom, cuja borda lisa e grossa era gostosa de sentir nos lábios. Cheiro de casinha era cheiro de madeira, e queria muito tê-la pra mim. Olhando o nascer do sol da varanda, menina, já queria morar ali. Queria casar e morar ali, na casinha. Pedi à minha avó que aceitou aquele pedido engraçado de menina.
Naturalmente, foi o que aconteceu. A casinha ficou sem uso um certo tempo, precisava de novos habitantes. E foi ali que constituímos a família que existe hoje.
Foram naqueles quartos que geramos nossos filhos, onde os amamentei. Onde choraram algumas noites, onde li histórias à eles ao pé da cama. Onde muitas festas de aniversário encheram a casa de alegria e de cheiro de fogueira, gosto de festas que não queriam acabar. Festas que existem ainda dentro de nós. Cheiro de goiaba passada, mexerica madura e da doçura do cambuci. Barulho de chuva forte perto, bem perto de nós, que embalava um sono tranquilo. Barulho de passarinho que nos acordava.



Por inúmeras razões, suas paredes foram abaixo, seu telhado que nos aquecia e protegia também. Mas sua terra estará para sempre impregnada das nossas raízes, que recebi de meus avós, que transmiti aos meus filhos. A terra onde a gente cresceu nos abençoou, e foi por nós abençoada. Segue seu rumo, casinha, faz do teu novo corpo um lindo trajeto de amor e esperança. 


Aucun commentaire: