samedi 16 juin 2018

De que vale a Copa ?



Algo foi acontecendo que me fez ficar indiferente a essa história de Copa.

Aquele som abafado do público, pano de fundo para o espetáculo, era música para os meus ouvidos. Hoje soa como um barulho desnecessário. Os rapazes milionários fazendo correr em campo seus corpos sarados e cabelos engomados não me interessam. Parece até que eles estão no lugar errado ?! E quando fingem estar machucados rolando na grama, me dá até vergonha alheia. Isso sem tocar no assunto da diferença salarial entre homens e mulheres...é, finalmente não tem nada que me atraia no futebol atual.

Algo aconteceu que me afastou da memória carregada de afeto, construída há quase quarenta anos. Da primeira que me lembro, foi na derrota do Brasil em 82. Estávamos em Angra, e meu pai se refugiara sob a árvore centenária do Parque das Palmeiras. Nos meus oito anos, fui lá ficar com ele, sem saber muito como consolá-lo, só com o sentimento de não querer deixá-lo sozinho na tristeza. Em 86, os jogos eram motivos de churrasco entre amigos, e nos meus 13 anos, era esse o motivo que mais me interessava. Em 90 não me lembro de nada, acho que o Brasil foi eliminado antes que eu me interessasse em torcer. O ano do tetra foi inesquecivel, pois pude ver a carreata dos jogadores em Recife, rodeada do povo em festa, como se os problemas deixassem de existir nos segundos em que eles cruzaram a avenida. E em 98, quase tive o Ariel antes do tempo...talvez isso explique sua paixão pelo esporte...

Nas últimas Copas, a vida ganhou mais peso e os jogos menos brilho. Prioridades surgiram, ao mesmo tempo que esse universo de vaidade se escancarou diante de mim, me afastando do sentimento de estar junto, numa mesma energia contagiante. Algo que era natural e leve desaparecera...

Amanhã não sei se meu coração baterá mais rápido, se chorarei no hino nacional. Talvez a preocupação com a realidade brasileira seja tão presente, que seja dificil atravessar a espessa camada de decepção. Nada impede que a emoção encontre uma fresta pra entrar e trazer essas memórias afetivas de volta...  quem sabe ?

Aucun commentaire: