samedi 9 juin 2018

Horta que toma forma

Esperei o sol baixar pra ir regar as plantas da horta. Levei alguns bambús que comprei para os tomateiros, os reis da minha parcela de terra. Tive que tirar alguns galhos que sugam o tronco principal para deixá-los crescer mais fortes. A gente poderia fazer isso com a gente também : jogar fora todos os supérfluos que nos absorvem e ficar só com o essencial. Pena que não é tão simples assim.
Reguei a terra, e tentei afofá-la um pouco. Ela é muito argilosa, e apesar da mistura de terra e esterco de galinha, ainda não parece ideal para todo tipo de planta. A terra também tem seus caprichos.
As mudas de beterraba não vingaram, dos três pepinos, restou só o tronco de um, que fica protegido pela sombra de um tomateiro. As frustrações que fazem parte, oportunidades pra gente tentar entender aonde errou...
Plantei alfaces esses dias, fiz as mudinhas em casa e coloquei à disposição na mini-estufa da Horta. Acabei ganhando flores e mudas de couve romanesco.
Todas tiveram que ser cobertas por garrafas cortadas e devidamente furadas, pra deixar as plantas respirarem, enquanto estão protegidas das lesmas.
Elas também reinam por ali, e se escondem durante o dia, na madeira úmida pra atacar as folhas que preferem durante a noite. Achei umas três que viraram aperitivo das galinhas. Elas vão muito bem, já me conhecem e cacarejam quando eu chego distribuindo cascas de melão e melancia cheias de restos. 
Descobri que tenho duas espécies diferentes de morangos, o selvagem que me agrada muito e os que a gente costuma comprar no supermercado, devorados pelos insetos que moram no meu pedaço. Não posso reclamar, deixo os grandes para os bichinhos e como aos poucos os minúsculos selvagens que são incrivelmente saborosos. 
Plantas que desconheço nascem de todos os lados, vindas com certeza pela alimentação das galinhas. Entre as surpresas vou desconfiando que terei melões, mais alfaces, tomates e talvez um bulbo de erva doce. Ah, os arbustos de framboesa que herdei também crescem a cada dia, talvez poderei ter frutos ano que vem.
As crianças que vem ajudar os pais a regar acabam se soltando completamente naquele pedaço rodeado de verde e passarinhos. Cantam, correm saltitando e rolam no chão. Talvez seja uma das poucas ocasiões que tem pra esse contato intimo com a terra, com a natureza. 
Assim como elas, sinto que preciso disso, tiro uns matos aqui e ali, toco a terra, sinto o cheiro; e me despeço do meu pedaço, deixando um pouco de mim naquela terra, e volto pra casa revigorada dessa troca.

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