lundi 25 juin 2018

Tempo de fogueira

Ontem me vi entre fogueiras, caipiras e perfume de milho. Imagens, vídeos, as crianças crescem e a bandeiras de festa junina continuam com a mesma forma. Colávamos as nossas com cola de farinha feita pelo meu pai, parecia mágica ! Os vestidos com a mesma renda que raramente combinava com a estampa xadrez do vestido. As camisas de flanela com os jeans furados, que estão tão na moda ultimamente...
Eu tinha uma amiga que era transformada pela mãe nessa época. Eu achava bonito a pinta única que a mãe dela fazia estilo Cindy Crawford, e das suas tranças longas. Tudo bem que ela não parecia com uma caipirinha como eu, com minhas marias chiquinhas e a cara enfestada de pintinhas... mas hoje vejo que ela ficava sensual demais pra sua idade...
Não gostava de quadrilha, mas dançava, visto que eu não sabia dizer não. Gostava mesmo da pescaria e do correio elegante...nunca tive coragem de enviar, mas adorava escrever o dos outros, acabava por saber de todos os romances em curso, os secretos e os revelados.
Conforme fui crescendo e as quadrilhas desaparecendo, passei até a ser presa na cadeia ! Eu gostava, queria dizer que alguém pensava em me prender...
Na idade em que a gente passa despercebido, a cadeia de festa junina é a maior glória !
Quando chegou a vez dos meus meninos, gostava de caprichar na barba, o equivalente às minhas pintinhas de menina, e mais ainda de ficar com eles perto da fogueira, ouvindo aquele crepitar inesperado, sentindo aquele perfume de madeira queimada, que impregnava na roupa da gente. 
O tempo cuida para que o paladar espere junho para saborear as especiarias do vinho quente, para comer com gosto uma pamonha caseira. O tempo cuida para que todas essas lembranças não se percam nas profundezas da gente, para que elas emerjam ao menor sinal, trazendo o gosto simples desse tempo. Das fogueiras que ainda espero fazer, o meu tempo dirá qual será a última.

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