mardi 5 juin 2018

O que a vida espera da gente é coragem

Ela entrou no vagão lotado. Falando alto. Muitos faziam como se não existisse.
Disse ser SDF, sem domicilio fixo, insiste na vergonha, vergonha de pedir ajuda. Diz que não fomos ensinados a ajudar o outro, que nossos pais não nos ensinaram a estender a mão. Ela se inclui. Não consegue sair direito do lugar, tem muita gente. Continua falando, alto. Leio olhares aflitos ao meu redor, é dificil suportar a miséria esfregada na fuça.
Ela fala bem. Hesita em contar uma história, acaba contando. Recebera uma cotovelada em Invalides - não é ironia não - de um senhor, dizendo pra que ela voltasse de onde viera. 
De onde viemos, caro senhor, pensei comigo...enquanto a Africa foi interessante de colonizar, bem que vocês estiveram por lá, europeus civilizados. E quando pegaram tudo o que queriam, se mandaram e agora querem virar as costas, ignorar o que herdaram. Esse povo africano que fala francês tem como herança o direito a tentar a vida na França. É o mínimo, o mínimo.
Saiu do vagão com algumas moedas a mais, um sanduba e talvez um tic tac, que ela aceitaria como ajuda. Ganhou olhares e agradeceu a ajuda ajoelhando, desejando coragem; convidando a todos a visitar seu Senegal acolhedor e generoso. Dei meus sessenta centavos e meu olhar. 
Desejo a ela também, toda a coragem pra seguir em frente, pra não desacreditar na sensibilidade humana, não desistir.

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