Disse ser SDF, sem domicilio fixo, insiste na vergonha, vergonha de pedir ajuda. Diz que não fomos ensinados a ajudar o outro, que nossos pais não nos ensinaram a estender a mão. Ela se inclui. Não consegue sair direito do lugar, tem muita gente. Continua falando, alto. Leio olhares aflitos ao meu redor, é dificil suportar a miséria esfregada na fuça.
Ela fala bem. Hesita em contar uma história, acaba contando. Recebera uma cotovelada em Invalides - não é ironia não - de um senhor, dizendo pra que ela voltasse de onde viera.
De onde viemos, caro senhor, pensei comigo...enquanto a Africa foi interessante de colonizar, bem que vocês estiveram por lá, europeus civilizados. E quando pegaram tudo o que queriam, se mandaram e agora querem virar as costas, ignorar o que herdaram. Esse povo africano que fala francês tem como herança o direito a tentar a vida na França. É o mínimo, o mínimo.
Saiu do vagão com algumas moedas a mais, um sanduba e talvez um tic tac, que ela aceitaria como ajuda. Ganhou olhares e agradeceu a ajuda ajoelhando, desejando coragem; convidando a todos a visitar seu Senegal acolhedor e generoso. Dei meus sessenta centavos e meu olhar.
Desejo a ela também, toda a coragem pra seguir em frente, pra não desacreditar na sensibilidade humana, não desistir.
Aucun commentaire:
Enregistrer un commentaire