samedi 23 juin 2018

Os outros não nos devem nada

Como eu, outros novatos tiveram sua parcela na horta esse ano. Minha vizinha da direita, vem pouco mas é sempre aberta e disponivel. Dei a ela dois pés de tomate que estavam brotando no meio da minha parcela. A da esquerda é professora na antiga escola do Iago, dela ganhei um pé de abobrinha e outro de pimentão. Tem um casal de indianos que fala pouco, bem na minha frente, cuidam bem do seu canto, de terra fofa e úmida. Uma senhora asiática um pouco mais longe também passa horas ali. A troca é natural entre os antigos que lá estão e os novatos no pedaço. Mas nem com todo mundo...
Enquanto eu limpava um espaço para plantar novos pés de pepino, uma moça me chamou a atenção. Ela perguntava a Fabien o que eram as plantas de sua parcela. Com um ar ligeiramente mal humorado, se perguntava o que fazer disso e daquilo, querendo trocar aquilo que tinha herdado do ocupante anterior. Até aí, ela tem todo o direito. Em seguida vai até a estufa pegar algumas mudas disponiveis e pergunta ainda o que são. Tudo bem, ela acabou de chegar e não é obrigada a conhecer as plantas, mas um ar ranzinza impregnava sua voz. Queria gravetos longos para servir de suporte ao seu pé de vagem. Fabien cortou um pedaço do pinheiro para criar dois pedaços pra ela. Na hora de colocar na terra, ela faz tipo que não sabe. Ele vai lá e explica, acaba fazendo por ela. Enquanto isso outra senhora procurava um pedaço de barbante para amarrá-los um ao outro. Nada disso teria me incomodado se não fosse o tom de imposição da sua voz, como se todos lhe devessem algo; dificil explicar...
Dificil entender também que todos se arranjavam a encontrar formas de satisfazer seus pedidos. Senti um abuso de sua parte... como se não houvesse disposição nenhuma aberta à troca, fundamental num espaço como esse.
As ervas daninhas me pareceram pouco nocivas perto da atitude da moça que se fazia servir pelos outros. Tomara que seu pedaço de terra a comova, que ela se torne mais sensivel e deixe de achar que as coisas devem chegar até ela, que aprenda a ir, ela mesma, atrás daquilo que quer. Ou, pelo menos ser grata pelo que recebe...

Aucun commentaire: