Rememorava sua juventude no Rio dos anos oitenta, e seu sonho em voltar um dia. Com que prazer ela descobrira alguém para falar nossa lingua... e que sorte a minha de ser eu esse alguém !
Muitos trens pegamos juntas, e passamos a trocar o que gostávamos. Despedidas gostosas bem brasileiras quando eu descia do trem. Mais do que lembranças, partilhamos o amor pelo nosso pais secreto e distante.
Sabine me abriu ao universo do Orgânico, me presenteando uma levedo caseiro com o qual fiz muitos pães e panquecas. Por um tempo fálavamos muito nisso como se tivéssemos o mesmo bicho de estimação. Eu emprestava alguns discos que ela ainda não conhecia, e trouxe alguns deles do Brasil pra ela.
Como professora de piano, me trouxe oportunidades incriveis de acompanhá-la em Festivais de Musica, Concertos de Jazz e música contemporânea e até de apresentações de seu doce Paul, companheiro professor de música também. Cuidei da Chatouille, sua gata preta durante as férias de Natal, e ainda vejo sua sombra observando a vista da janela.
Vamos também ao cinema.Mais do que gostar dos mesmo filmes, apreciamos a companhia uma da outra.
Hoje tive a sorte se poder acompanhá-la a uma opera Russa. Nos olhávamos através dos nossos óculos, e às vezes sentia quando ela estava gostando ou não, outras riamos juntas talvez por termos a mesma impressão...
Foi precioso tê-la encontrado, como quando encontramos uma concha intacta em meio a outras quebradas e vazias. Ela é como uma concha brilhante e cheia de vida, que, quem sabe, nao está elaborando em si uma pérola... Fico feliz em poder estar por perto quando os reflexos das luzes refletem nela e a fazem brilhar.
Gratidão por ela ter se aproximado e permitido a construção dessa relação que talvez ainda nem conheça a dimensão...
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