jeudi 12 avril 2018

A moqueca que atravessou o oceano

Ontem achei uma salsinha tão linda que pensei imediatamente em fazer uma moqueca. As vezes isso acontece comigo, diante de um ingrediente bonito, o prato aparece na minha cabeça. Sei que a moqueca original da maioria das casas brasileiras usa coentro no lugar da salsinha, mas a turma aqui gosta não.
Comprada a salsinha, bora atras do peixe. Já tinha garantido dois lindos filés de cabillaud congelado, quando encontrei hoje um maravilhoso pedaço grosso e fresco !
A primeira vez que me deliciei com uma verdadeira moqueca foi numa praia da cidade de Caravelas, na Bahia. O restaurante na beira do mar era todo nosso, a praia estava vazia... Nos prepararam naquelas tradicionais panelas artesanais de barro, uma moqueca de peixe com pirão e arroz... A luz era fraca, passava pela palha que cobria o restaurante. Sentados nos chão; me encantei tanto com os perfumes, a textura daquele pirão divino, que pedi a receita da casa. Ainda guardo a lembrança daquele gosto. Bahiana sorridente, pegou seu caderno escreveu a receita explicando pra mim ao mesmo tempo. Parecia feliz em dividir seu conhecimento, talvez de uma receita herdada de familia, que ela não exitou em dividir.
 Chegando em casa, colei no meu livro de receitas, e ainda hoje dou uma olhada. 
Algum tempo depois da viagem ganhamos a panela da barro do Claudião, que estava conosco nesse dia, e  passei a prepará-la de vez em quando.
Agora aqui na França uso a panela esmaltada, com fundo grosso, e coloco o peixe só no fim, pra nao cozinhar muito. Astúcias que foram surgindo com o tempo e a adequação a cada peixe. Mas o pirão ainda é um mistério, pois depende sempre do caldo que a qualidade dos ingredientes em conjunto rendeu... A prova de que os bons pratos se fazem com bons ingredientes.


Essa moça que nos convidou a voltar sempre nem imagina que sua receita atravessou o oceano e já encantou muita gente. E que, se depender de mim, vai continuar encantando mais e mais...

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