mardi 17 avril 2018

Vida em mosaico

Pedaços de pedras quebradas tentam se ajustar, não exatamente como num quebra cabeça, mas o mais próximo possivel. Poderíamos colocar os pedaços de pedras inteiros, mas ficaria tudo muito regular, muito perfeito. Quase frio, sem vida, como os azulejos milimetricamente colocados nos banheiros.
Mas a beleza do mosaico, é justamente o encontro das peças que mesmo quebradas se encaixam de alguma forma. A gente vira a peça de um lado e de outro até encontrar uma forma de encaixá-la da melhor maneira. Às vezes, procuramos por muito tempo encontrar a melhor peça para um espaço preciso.
Hoje passei cinco horas fazendo isso e não pude deixar de fazer um paralelo com a minha vida. Seus pedaços até que eram bem regulares até um certo momento, depois a gente acha que falta algo e resolve lapidar algumas pedras pra transformar parte da nossa vida, e os azulejos quadrados começam a mudar de forma. Lapidar dá trabalho, e podemos nos cortar, nos machucar. Mas o encontro dessas pedras lapidadas, vai formando um conjunto de grande beleza, um verdadeiro mosaico.
No começo não levava muito jeito pra encontrar as pedras que se encaixavam, parecia muito trabalho. Mas pouco a pouco, conforme o mosaico ia tomando forma, eu ia pegando o gosto de procurar as pedras atenciosamente, sabendo exatamente o que precisava; mais próximo do fim, há uma exigência de que as peças sejam ainda mais precisas. Aceitando o resultado inesperado, diferente do que imaginava, a beleza aparece e ganha o seu espaço.
Hoje eu sinto isso, que a vida é um grande mosaico que nos exige uma aceitação de lapidar essas pedras, nossos trajetos, que podem às vezes fazer mal, e sobretudo, estar preparado para lidar com o resultado inesperado. 

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