jeudi 26 avril 2018

Inicio uma relação

Sentindo a secura das minhas mãos doloridas, me lembro que passei três horas na minha "parcela" de terra. 
A terra estava dura e batida que nem chão de trilha. Quando cheguei com o Iago, não tinha ninguém, e pegamos o material disponivel, pequenas pás e rastelos. Nada a ver com a dimensão do trabalho que me esperava. Pedi pro Iago regar o chão pra facilitar minha tarefa : preparar a terra. Enquanto isso, faço o reconhecimento do que está por ali. Sei que são mudas, mas além das blettes coloridas (diria uma mistura de couve e escarola) não consigo distinguir nada. Beleza, tenho a desculpa de ser brasileira e de que as plantas não são as mesmas aqui e lá...
Chega Patrick, da parcela 51. Me diz que o chinês que cuidara da parcela que me cabe plantava maravilhas. Que era decorador e sua plantação parecia obra de arte. Me pergunta o que pretendo plantar. Tomates perto de treliça para que tenham apoio, pepinos pois o Iago adora e abobrinha, que deve ocupar um espação. Ele diz que planta abobrinhas nos cantos e a vai guiando conforme ela cresce, que não prejudica o que eu decidir  plantar no centro. Me revela que tenho morangos atrás da treliça, e lá mesmo descubro uma colônia de caramujos. Um deles não se intimida com a minha presença, e quase posa para minhas fotos. Acompanho um pouco seu percurso, tentando descobrir suas preferências. Quando então chega Fabien se apresentando; ele cuida da parcela 11. Patrick já me dissera que ele conhece bem as plantas. Me apresenta um pé de framboesa, e me aconselha a não plantar mais nada com ele, pois é espaçoso à beça. Peço conselhos sobre a blette e ele me diz que ela está lá há tempos, basta cortar rente ao tronco e ela brota mais e mais. Levanto as folhas e descubro um tronco grosso como o de uma couve, e me admiro com o respeito dos que vieram antes, em mantê-lo onde está. Reguei antes de partir para poder colher algumas folhas amanhã, mais hidratadas.
Fiquei então um bom tempo só, eu e a terra. Argilosa, como disse o Pierre, senhor sem muitas cerimônias. Revirei blocos grandes com uma grande pá, e, pacientemente, fui esmigalhando até a terra ficar menor e mais fina. Massageando minhas mãos, separando bulbos de ervas daninhas, fui ganhando o espaço de 2 metros por 1,50. Sentindo em mim a vontade de terminar o trabalho, mesmo sabendo que terei que afofar ainda mais. De qualquer jeito, mais conselhos de não plantar antes de 13 de maio estão me convencendo a controlar essa pressa de antecipar as coisas.
Mais uma lição pra mim : sem o respeito ao espaço do outro, dos colegas de parcelas; do espaço que as plantas precisam para se desenvolver o melhor possível, no seu tempo, tudo não passaria de um trabalho vazio e sem fundamento. Preservo o que já tenho disponivel, pouco a pouco acrescento mais e mais de mim, e dessa intenção pode nascer uma relação de troca. 
Do cuidado, à colheita dos frutos. Algo me diz que não é só com as plantas que rola assim; mas nas relações humanas também...

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