samedi 5 mai 2018

Cena surreal

Ontem, depois da exposição incrivel que assistimos, fomos comer num bistrot do bairro. Estavamos perto do Père Lachaise, um quarteirão super mixto, com lojas estrangeiras, casas de cha arabes e butiques em outros idiomas.
Achamos um onde ainda batia sol. Claro, não basta uma mesa, tem que ser ao sol. Garçom fofo, coisa um tanto rara por aqui. Sorridente, nos ajudou a escolher um rosé servido, pasmem, com gelo, chamado "Moment de plaisir". Bom, ta calor e rende mais...bora experimentar. Quase seis da tarde, decidimos dividir  um camembert grelhado com mel, servido com pães ao alho.
Demorou uma eternidade, mas o tempo não passa quando rimos juntas, eu e Kathleen. Lembravamos ainda do momento em que tentavamos tirar uma selfie durante as luzes da exposição... saimos com caras incriveis, tipo, agora, tira a foto, agora; valeu cada tentativa, pra chorar de rir.... 
Mas o grande acontecimento do fim de tarde ainda estava por vir. Estamos la, simplesmente nos deliciando com nosso camembert derretido, com grãos de gergelim e mel, quando se senta um rapaz na mesa ao nosso lado. De repente escuto "Nossa, esse queijo tem um cheiro forte ! " Com os dedos tampando o nariz !
Digo naturalmente, é um pouco obvio que cheire forte, visto que estamos comendo um camembert. A pessoa insiste, algo inacreditavel ! Sou forçada a dizer que se ele esta se sentindo incomodado, que se mude.
Rimos muito, claro. Que cena foi essa ? Pra mim, surreal.
Como alguém pode se sentir tão a vontade de reclamar à ponto de ultrapassar esse limite ?! A pessoa não podia simplesmente se afastar, discretamente ? Pois duas mulheres não se sentiram nem um pouco intimidadas com seus comentarios anti-cheiro-de-queijos. Certamente, uma brasileira e uma alemã estavam mais parisienses do que o rapaz de topete perfumado. A gente so não conseguia acreditar naquela cena...
Mais tarde fiquei pensando o que sera que ele esperava da gente. Hoje as pessoas, principalmente as mais jovens, facilmente acham que tudo tem que acontecer como elas esperam, como querem que aconteça. Talvez pela rapidez de tudo que nos rodeia, que faz o tempo correr sem que a gente perceba...
Minutos depois ele se levantou e foi para a mesa mais distante que pôde. Nos, mais uma vez, rimos até chorar, fazendo durar o Moment de plaisir rosé com gelo, destruindo até a casca, o delicioso camembert, esperando o sol se deitar para então partirmos.

Aucun commentaire: