Há anos atrás fiz um estágio numa creche na Vila Mariana. Folheando os arquivos dos registros das crianças percebi que a imensa maioria das crianças não tinha o nome do pai no registro. Não era um terço, nem metade, era a imensa maioria. Tem algo errado ai, não ?
E pai presente não é só no "sustento" não, que nesse sentido, isso quase nem existe mais, pois felizmente essa função é dividida.
Sustento hoje é estar ali, de posicionamento em conjunto com a parceira, com a escuta e a disposição necessária, com a empatia precisa. E por quê não ir mais longe, com a delicadeza que é tão bonita quando transborda no homem, que pode ser tão natural e importante quanto à disponibilidade da mulher.
Quer coisa mais linda que um pai que dá o exemplo, em casa e na vida, que tem iniciativa, que divide a faxina e a louça com a parceira ? Que divide a leitura antes de dormir, a barriga no fogão, e os passeios de bicicleta ? Quer maior exemplo que esse para os filhos, que crescem assistindo um entrosamento intimo e cúmplice, certamente algo que eles vão querer repetir no futuro.
Tive sorte, a presença do meu pai em alguns detalhes delicados deixaram um traço de cuidado único. Atenções como quando ele deixava uma rodela de pão com maionese sobre o prato de cada uma de nós, antes da janta. Ou de trazer algo na nossa boca para que experimentássemos, as vezes algo que nunca tínhamos provado. E de quando preparava gym tonica fraquinho, pra que me familiarizasse pouco a pouco com o álcool.
Prezo essa delicadeza. Espero que esteja plantando nos meus meninos, para que eles se exerçam assim, como pais, caso o sejam um dia. Para que sejam eles, definitivamente, a mudança de paradigma.
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