mardi 1 mai 2018

Além dos olhos

Não. Não sou a mesma de ha quinze anos. Nem por fora, nem por dentro.
Não. Não guardei os ares de menina. Normal, pois não sou mais.
Nem eu, nem a Marisa Monte, nem a Maria Rita. E não, não foram os filhos que nos fizeram registrar as marcas do caminho no rosto e no corpo. Eu, e quantas outras mulheres também; registramos o percurso que traçamos, talvez um tanto injustamente. Sobrecarregadas de funções : trabalho, educação dos filhos, tarefas domésticas não divididas, e depois dos quarenta, as mudanças hormonais.
Ninguém precisa dizer que mudamos, é tão obvio. E fazer esse tipo de observação superficial é se apegar ao que o fisico nos limita, a esse fisico que para algumas pessoas, é tão duro de encarar, de suportar.
No fundo de mim mesma, minhas palpebras que começam a descer, meus musculos que não respondem mais com a mesma eficacia, não correspondem ao vigor que sinto por dentro. Ha uma alegria que não é sempre demonstrativa, que não acha graça na depreciação, mas que se diverte com as proprias mudanças e dificuldades, que vê beleza onde não via antes, com uma sutilidade e sensibilidade que se instalaram graças ao tempo.
Que possamos experimentar profundamente as mudanças com toda sua plenitude, que consigamos escapar dos esteriotipos miseraveis impostos pela nossa sociedade patriarcal, que insiste em ditar o que é belo, exteriormente.
Eu sinto o que é belo, mais profundamente do que meus olhos podem ver. E sinto que posso me abrir mais e mais a esse novo ponto de vista. O que nos impede de tentar ? So depende de nos, enxergar além do que nossos olhos padronizados podem ver...  

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