mardi 29 mai 2018

Força da água

Do quarto andar, procuro um pouco de ar. O que estava umido e quente refrescou bastante com a tempestade, mas não o suficiente pra dar arrepios. Os passarinhos cantavam loucamente antes dela recomeçar, como se festejassem tanta água. A chuva gelada escorre agora feito cachoeira rua abaixo. Feliz de estar nas alturas e escapar das inundações...
Não consigo imaginar o que seja ir dormir sem saber se vai acordar molhado. Pior, dormir tendo a certeza disso. A tia Maria, cozinheira do CRAS de Osasco contava sempre que tinha acordado embaixo d'água. Ela ria, não sem uma certa melancolia no olhar; já estava acostumada e quando sabia que a chuva ia ser dessas, punha o importante no alto. Mas acordava com os pés na água...
Quando não é por construirmos demais e a terra não ser suficiente pra absorver o excesso, é porque construimos sobre mangues.
Era o caso da casinha de Camburi. Os colchões já tinham as prateleiras reservadas para ficarem fora do alcance da água quando a casa estava vazia. Mas e quando chovia forte com gente dentro ? A gente via que a água não escoava mais e levantava acampamento antes que os banheiros não pudessem mais ser usados.
No fundo a gente é muito abusado mesmo, acha que pode fazer o que quiser, construir onde quiser e sair impune. Bem, a natureza mostra que não...
Mais dia menos dia a prepotência da gente vai ter fim, e vamos ver que não podemos controlar nada; e o quanto estamos longe de nos aproximarmos com respeito e  compreensão da natureza... tomara que não seja tarde !

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